domingo, 3 de fevereiro de 2008

Produtivo

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300 despachos numa madrugada
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Enquanto ministro do Turismo, o deputado do CDS-PP Telmo Correia assinou cerca de 300 despachos na madrugada do dia em que o novo Governo, liderado por José Sócrates, foi empossado, informa hoje o Público.
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Já tenho assinado alguns despachos, mas não com a mesma importância, estou certo. Aliás, não só assino como os elaboro.
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Ao ler a notícia, pratiquei um pouco a assinatura de despachos. Se não os fizermos e não nos preocuparmos a ler o seu conteúdo, conseguimos assinar 300 e até mais do que isso. Também depende da madrugada, quando começa e quando acaba. Se a tomada de posse ocorreu ao fim do dia, a madrugada podia ter sido algo falsa, por se ter prolongado pelo dia fora.
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Assinar despachos não é uma tarefa qualquer. Consiste em assinar um documento que se pretende venha a despachar um ou muitos assuntos (espero, sinceramente, que não se trate de pessoas). Resulta da nossa (do que assina os despachos) vontade em fazer acontecer algo, e depressinha. Se passamos um ou dois meses sem despachar, as coisas ficaram paradas e isso é o oposto de serem despachadas. Logo, na primeira oportunidade, devemos despacharmo-nos, despachando.
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Assim sendo, não vejo qual é a admiração. Ou andou uns meses a elaborar despachos (não ligados ao oculto, esta é mais uma esperança que tenho), não os assinando enquanto os fazia, ou tinha outro(s) a fazê-los, de acordo com as suas instruções ou com total liberdade ou, nessa madrugada, uma equipa ia elaborando os despachos e o ministro só ia assinando, conforme lhos colocavam à frente. Se tinha sido ele a fazê-los antes, assinou nessa noite para não deixar trabalho para o seu substituto.
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Uma coisa é certa. Para despachar tão bem (e bom seria que as empresas de transporte de mercadorias aprendessem como se trabalha nesse ramo), em tão pouco tempo (se, se), nem sequer leu o que assinava. Este facto demonstra a boa-fé do então ministro. Para ter a certeza que as coisas se despachavam mesmo (parece que o actual ministro do Turismo, se existe, que este governo só tem um protagonista e os ministros só atrapalham, o actual ministro, dizia eu, pouco ou nada despacha), despachou ele nessa madrugada 300, assinando de cruz. E não o fez nada mal, se a única coisa estranha resultou na entrega, a um casino, do edifício onde esse casino está instalado, que pertencia ao Estado. 0,33 por cento de erros tem que ser considerado bom trabalho.
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Em tempo: parece que ainda ninguém apreciou os outros despachos assinados. Isto abala a minha análise, mas não destrói, desde logo, o resultado a que cheguei. Quem disse que há (muitos) mais erros? E se houver, como podem ser considerados erros graves, se não houve tempo para ler os despachos? Isso não conta? O problema dos portugueses reside na pressa em condenar o outro, sobretudo quando é uma pessoa pública. Onde já se viu? Só aqui ...
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Também gostei da piada da semana: o secretário de estado do desporto manifestou surpresa e indignação ao constatar que os ginásios não baixaram os preços, em função da decisão do governo em reduzir a carga fiscal aplicada aos serviços prestados nesses locais. Como se isso fosse uma surpresa. Como se não soubéssemos como são os nossos empresários!
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Resolva lá isso, caro governante: aumente outra vez esses impostos, que os donos dos ginásios estão mortinhos por ter uma razão para aumentar os preços, coisa que já não fazem desde o ano passado. Desde Dezembro de 2007. Uma eternidade.
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Belo país, com gente cheiinha de boas intenções. No governo e fora dele. Só eu é que não me consigo governar. O que prova que tenho razão na apreciação que faço da minha pessoa. Sou um amigo do Shrek, palavroso e que não usa botas! Segundo uma pessoa que me é próxima, tenha lugar assegurado numa das forças policiais portuguesas, que só tem disso nas suas fileiras!
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