domingo, 30 de novembro de 2008

A DGRHE faz SPAM!

Nos últimos três dias recebi quatro e-mails da DGRHE, dois deles de um endereço “noreply” (noreply@dgrhe.min-edu.pt).
Nunca o Ministério me escreveu tanto!

Devo estar lisonjeado por tamanha consideração?
Não, estou pasmado com o descaramento desta gente! Agora isto é como quando há eleições num partido político, só que, em vez de SMS, é por e-mail que se faz a propaganda. Recorrem a tudo para me “esclarecerem” sobre a dita simplificação.
Nunca precisei dos vossos e-mails para estar a par da informação.

Já agora, tenham pelo menos a coragem de os assinar como fazem com a “modernidade tecnológica” das assinaturas digitais que colocam nos despachos (que querem que a gente cumpra antes de estarem publicados em Diário da República).

Já agora, fiquem a saber que não mudei de opinião: SUSPENDA-SE!

Já agora, coloquem lá mais uma cruz na estatística da greve: SIM, FAREI GREVE!

Já agora, CHEGA DE SPAM!

Nota:
O termo Spam, abreviação em inglês de “spiced ham” (presunto condimentado), é uma mensagem electrónica não solicitada enviada em massa.
Na sua forma mais popular, um spam consiste numa mensagem de correio electrónico com fins publicitários. O termo spam, no entanto, pode ser aplicado a mensagens enviadas por outros meios e noutras situações até modestas. Geralmente os spams têm carácter apelativo e na grande maioria das vezes são incómodos e inconvenientes.
Spam,
http://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Spam&oldid=13266929 (last visited Novembro 30, 2008).

sábado, 29 de novembro de 2008

A violência contra quem a combate

.
.
Retirado da edição electrónica do JN, de 29 de Novembro de 2008
.
...
Uma professora da EB 2,3 de Jovim, Gondomar, foi agredida por um aluno de 16 anos, a soco e a pontapé, ao início da tarde desta sexta-feira. A agressão ocorreu dentro da escola e a docente esteve cinco horas no S. João, no Porto, a fazer exames.
.
Só pelas 19 horas é que Artemisa Coimbra - figura activa na luta contra a violência doméstica, sendo responsável pelo Observatório de Mulheres Assassinadas da UMAR (União de Mulheres Alternativa e Resposta) - teve alta das Urgências. "Daqui vou para a GNR, apresentar queixa", desabafou, ainda com marcas da violência no rosto e com dificuldades em andar, devido a lesões que sofreu numa perna.
.
... "Vinha a sair do átrio e o aluno estava aos palavrões, alto e bom som. Não consegui fazer ouvidos de mercador. Chamei-o à atenção e ele começou a disparatar e a afirmar que dizia o que bem lhe apetecesse. Então, disse-lhe para me acompanhar ao Conselho Executivo. Contrariado, lá foi", recordou a docente. A situação acabaria em violência, pouco tempo depois.
.
"Às 13.40 horas, ia para as aulas, com o computador, a pasta e o livro de ponto na mão, quando, quase em frente ao Conselho Executivo, vejo o aluno a vir na minha direcção, a insultar-me aos berros. Depois, começou a agredir-me", contou a professora, que ainda tentou defender-se. Ficou ferida e com os óculos partidos. Logo ontem, a patrulha da Escola Segura, presença habitual por ali, não estava na EB 2,3 de Jovim.
.
... Em Jovim, a situação tem piorado significativamente, assegurou, revelando que só nesta semana houve 31 processos disciplinares. "Oito deram em repreensão, os restantes em suspensão", pormenorizou a professora, que dá aulas a alunos dos 5º e 6º anos.
...
.
Conheço pessoalmente a Artemisa, pessoa que considero e aprecio, até pela luta contra a violência que desenvolve, todos os dias. Que estas linhas sirvam de algum conforto, nesta hora (muito) triste e aqui lhe deixo a minha pública solidariedade, de alguém que também não faz ouvidos moucos aos jovens que não sabem (também) estar, na escola e fora dela.
.
Como ela, também sinto que, na escola, o ambiente está a degradar-se todos os dias. Não apontando o dedo ao(s) culpado(s) desta degradação, é tempo de se fazer alguma coisa que contribua para atalhar este caminho que conduz à destruição do que a escola deve ter como lema para concretizar a sua missão: o bom ambiente e as melhores relações.
.
.

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Avaliação de desempenho: outra proposta

.
.
O(a) autor(a) afirma não ser uma proposta de avaliação mas de seriação. É indiferente. É mais um contributo para a solução. está publicada aqui, mas tomo a liberdade de a republicar:
.
.
PROPOSTA
.
.
Considerando uma carreira de 36 anos (mantendo-se ao longo dos anos a “transformação” de parte do tempo de trabalho (horário) de actividade lectiva noutro tipo de actividade e um objectivo de chegarem ao topo da carreira 1/3 dos docentes, seria fácil de montar o seguinte sistema (de 8 escalões):
.
(1) Todos os docentes, na entrada da carreira, estão no escalão 1.
.
(2) Todos os docentes promovidos num ano estarão 2 anos sem poderem repetir a progressão (mínimo 3 anos em cada escalão). Um professor que progrida de 3 em 3 anos chegará ao 8º escalão em 22 anos.
.
(3) Sobre-formações não aceleram progressões, os docentes mais formados terão que traduzir essa vantagem em qualidade de trabalho.
.
(4) Haverá progressão anual (de escalão) garantida para 10% dos professores de cada agrupamento/escola.
.
(5) Na mudança de agrupamento/escola, cada docente apenas poderá progredir depois de 2 anos de trabalho no novo estabelecimento.
.
(6) Aquela taxa (10%) é mínima e cada agrupamento/escola poderá ser bonificada em alguns pontos percentuais (até 20%, no máximo) por conta de subidas nas listas de escolas anuais referentes às provas aferidas e exames nacionais dos seus alunos. As descidas nesses rankings provocarão descidas da taxa anual anterior até ao mínimo de 10%. A manutenção mantém a taxa no valor do ano anterior.
(Poderá ou não haver listas separadas por níveis de ensino)
(O número de progressões será o resultado arredondado para o inteiro superior, havendo acertos de 3 em três anos em que o resultado – de um acerto - poderá ser o inteiro inferior)
.
(7) Caberá aos agrupamentos/escolas concretizar e chegar à lista anual ordenada dos seus docentes (em condições de progressão).
.
(8) Para além daquele prémio directo, serão promovidos todos os docentes que, em condições de promoção, somem 6 anos alternados ou consecutivos em posições na primeira metade da lista anual ordenada naquele agrupamento/escola.
Lista de docentes ordenada. Como lá chegar?Cada Escola determinará as suas formas. O ME apenas indicará alguns items, dos quais, um ou dois obrigatórios e com um número mínimo a considerar. As escolas poderão, assim, escolher aqueles que mais se adaptem à sua escola e, até, propor outros que o ME poderá validar e juntar à lista de opções.
Aquela lista deverá ser interna. E dela ser retirada a lista de docentes a promover. E anotados os que se situam na sua primeira metade. Sem qualquer necessidade de classificar ninguém.
.
ITEMs DE AVALIAÇÃO
.
Podem ser muitos. Uns melhores que outros. Todos com contras, mas também com prós. Os aqui indicados ou outros quaisquer.
.
a) Escolha por votação secreta por parte dos elementos do conselho pedagógico. Cada elemento do conselho escolheria os 3 docentes que considere mais merecedores da progressão. Os X docentes mais nomeados teriam 1 ponto.
b) Escolha por votação dentro do grupo pedagógico do docente. Idem.
c) Escolha por parte dos funcionários da escola. Idem.
d) Pelos pais, pelos alunos. Idem.
e) Os X professores com menor número de faltas (justificadas ou não) teriam 1 ponto. Nesta matéria há considerar o ponto de vista da produtividade (quantitativa).
.
Aqui não há que avaliar pela qualidade (resultados). Esse item liga-se à Escola e reflecte-se no aumento das vagas de promoção. Aqui há que escolher os melhores, do ponto de vista da comunidade educativa onde estão inseridos.
.
No início poder-se-á dar o caso de haver grupos onde uns votam nos outros distorcendo os objectivos de escolher os melhores. Mas gradualmente se aperceberão que a Escola (e eles) no seu todo, perderão com isso. Pois menores resultados por parte da Escola origina a redução das quotas de progressão. E o sistema se ajustará por si só. Afinal, se a Escola não subir no ranking anual, as vagas de promoção serão mínimas.
.
Assim, pode mesmo não ser necessária a avaliação. Nem este nem outro modelo. Os seus objectivos atingem-se de uma forma muito mais simplificada.
.
.
Chamem-lhe o que quiserem, é uma avalialção.
.
As virtualidades que aponto, numa primeira leitura (superficial): esta proposta centra a avaliação sobretudo no trabalho colectivo, o que é correcto; ameniza a avaliação pelos pares, ao entregar a responsabilidade a um órgão de gestão e ao converter a decisão num acto aleatório; é simples e de fácil operacionalização; ao criar o mecanismo de recompensa, afasta o de penalização que está associado ao actual modelo; considera também os resultados, que não podem ser desvalorizados totalmente; coloca a avaliação de pais e alunos no terreno.
.
Desvantagens: 22 anos na progressão normal - considerando 40 anos de trabalho (25 aos 65), ficam 18 anos para se estar "parado" no topo (se se progredir dentro dos 10%, mais anos aí se fica). onde está a diferenciação entre o 1/3 e os restantes? Na rapidez da chegada? Parece-me pouco realista; pouca cientificidade na escolha (votações são sempre vontades, não méritos); não considera os que estão a mais no sistema, não prevê o que fazer com os "maus" professores.
.
Acertos: maior duração da permanência em cada escalão, para separar o tal terço dos outros; dois escalões (9º e 10º) só atingíveis por quem progrida mais rápido; outro mecanismo para os tais 10% a 20%, de forma a reconhecer o mérito; lada a lado com "escolha não científica", uma outra centrada na qualidade do que se faz (sem medo de a entregar a externos, se for preciso), com peso relativo; penalização para as perdas de produtividade/qualidade (mesmo que se reflitam, primeiramente, no Grupo/Departamento, também tem que atingir o mau desempenho individual).
.
E fico por aqui, que já vai (demasiado) longo, o post!
.
.

Fragmento disperso encontrado no Metro a voar

Os moços e as moças acetinadas do conselho das (de) escolas estão com(8o9) as tolas no meio da ponte vasco da g(r)ama mas não o podem dar a entender - grandes direcções de imensos projectos criativo-educativos! Há um que não delegou em ninguém!

Fuja quem puder, até 31 de Dezembro, que a pátria agradece.

(os senadores do regime vão reunir de emergência na posição quatro).

terça-feira, 25 de novembro de 2008

E que tal algum bom senso e alguma contenção verbal? Era bom ...

.
.
DREN admite avançar com processos disciplinares contra professores
.
Se houver professores que pressionem colegas a boicotar o processo de avaliação de desempenho, a Direcção Regional da Educação do Norte (DREN) garante que será inflexível e que avançará com processos disciplinares contra estes docentes.
.
A directora regional da educação do norte ameaça avançar com processos disciplinares sobre todos os professores que pressionem colegas a boicotar o processo de avaliação.
.
No dia em que os docentes retomam os protestos contra o modelo proposto pelo Ministério da Educação, Margarida Moreira garante, em declarações à TSF, que se o detectar não hesitará um minuto em mover contra eles um processo disciplinar.
.
«Serei inflexível, se for uma situação de coação, actuarei disciplinarmente se necessário for», adianta Margarida Moreira, acrescentando que aposta no diálogo, mesmo nas situações que lhe parecem «completamente inaceitáveis».
.
«Por exemplo, ontem dediquei o dia a resolver situações destas, a dizer aos professores que é melhor não irem por aí, os ânimos às vezes estão quentes e arrefecê-los é o suficiente», acrescenta.
.
A responsável afirma ainda que já foi tomada uma medida para evitar que os professores possam boicotar o processo de avaliação.«Uma das coisas mais criticadas nos últimos dias foi o aparecimento on-line por parte do Ministério da Educação de uma plataforma para que quem voluntariamente assim o quisesse colocasse os objectivos individuais, o que foi considerado terrível e uma forma de pressão. Quero esclarecer que esta situação surgiu porque muitos professores quiseram entregar os objectivos e tiveram outros colegas a dizer que não os recebiam», adianta.
.
.
TSF Rádio Notícias, com desenvolvimento em
.
.
Se a Senhora Ministra, na recente reunião que teve com os Presidentes de Conselho Executivo (PCE), solicitou "que não fossem hostilizados os Professores que não querem ser avaliados, sendo importante trabalhar sobretudo com quem quer ser avaliado", estas declarações da Sra. Directora Regional não estarão sintonizadas com aquela preocupação manifestada. Por isso, mais uma vez, avisados andaríamos todos se tivéssemos algum tento na língua. Aliás, convém dizer que, antes da Sra. Directora Regional, os Presidentes dos Conselhos Executivos das Escolas garantem o regular e democrático funcionamento interno - é sua obrigação e é, sobretudo, sua prática normal (pode acontecer um ou outro não o fazer, mas serão sempre situações marginais e não demonstrativas do todo).
.
Portanto, e para não me alongar: nestes tempos conturbados, fica bem (e é útil) ser sensato. Que é uma característica cada vez mais rara em quem tem responsabilidades. E que começa a estafar os que lidam, todos os dias, com Professores. Para não usar outros adjectivos/qualificativos relativamente ao que (alguns) vão fazendo.
.
Ainda, se repararem bem: primeiro, a aplicação do DGRHE surgiu porque Presidentes de Conselho Executivo a solicitaram (sic, hic!); agora, porque alguns avaliadores (só podem ser os PCE) se recusaram a receber os objectivos individuais. Aqui está uma evolução nas razões que não qualifico, porque estaria tentado a ser (um pouquinho) inconveniente (leia-se mal educado).
.
.

sábado, 22 de novembro de 2008

Outra maldade

.
.
Há muito que entendi ser vontade da tutela avaliar os Presidentes dos Conselhos Executivos através do SIADAP (Sistema Integrado de Avaliação da Administração Pública). Claro indício estava contido na proposta apresentada para o novo diploma da gestão das Escolas, que previa a impossibilidade do Director dar aulas. Mais tarde, aquando da publicação do diploma, essa impossibilidade foi retirada, creio que fruto das reacções dos diversos intervenientes na discussão pública do diploma.
.
Também não me surpreende muito essa vontade. Nem sei se haverá outra qualquer hipótese viável, para além da adaptação deste modelo de avaliação do desempenho dos Professores, que tanta polémica criou (cria). Confesso que nunca pensei seriamente no assunto. Havia tempo.
.
Mas tomar conhecimento "oficial" dessa decisão pelo dirigente sindical Mário Nogueira, através da imprensa escrita e falada, é inqualificável. Mesmo que, posteriormente, tenha vindo a público um "esclarecimento", com este espantoso conteúdo:
.
.
ME esclarece avaliação dos membros dos conselhos executivos
.
O Ministério da Educação esclarece, no seguimento de afirmações alarmistas do secretário-geral da Fenprof, que está a ser ponderada a adaptação do sistema de avaliação dos dirigentes da Administração Pública aos membros dos órgãos de gestão dos agrupamentos de escolas e de escolas não agrupadas.
.
Oportunamente, os próprios membros dos conselhos executivos serão ouvidos sobre o assunto.
Lisboa, 21 de Novembro de 2008.
.
O GABINETE DE COMUNICAÇÃO
.
.
Reparem bem: as afirmações de Mário Nogueira são alarmistas; o Ministério da Educação está a ponderar a adaptação do SIADAP aos membros dos órgãos de gestão das Escolas; e os membros dos Conselhos Executivos serão ouvidos, oportunamente.
.
Registo três conceitos que, julgando conhecer, descobri que desconheço em absoluto: alarmistas, SIADAP para PCEs e, sobretudo, oportunamente.
.
Concluo: dar a conhecer esta vontade a um sindicalista, antes de o dizer aos Presidentes dos Conselhos Executivos (com quem a Ministra reuniu nestes últimos dias) ou ao Conselho das Escolas (órgão que a própria Ministra criou para ouvir os Presidentes dos Conselhos Executivos) é uma forma (peculiar) de divulgar esta decisão, que eu me atreveria a apelidar de afronta para com quem tem tentado concretizar as suas políticas.
.
Isto acontece na sequência, aliás, das considerações que vem fazendo (ela e os seus secretários de estado) que atiram toda a responsabilidade decorrente dos erros de governação para as Escolas (o problema das faltas no novo estatuto dos Alunos, a burocracia e complexidade do modelo de avaliação, as ilegalidades na distribuição de serviço docente, a culpa da existência aplicação do DGRHE para recolha dos objectivos indidividuais, entre outros).
.
Mas haverá sempre a possibilidade de eu não entender muito bem o que quer dizer afronta ou responsabilidade. Parece que há diferentes entendimentos lá para os lados da capital ...
.
.

(in)(cons)ciência

Não adianta procurar o pleno
que há-de quebrar-se mais dia
menos dia a corrente bruxa
que uma bruxa pouco perita
em bruxedo proporcionou

Adianta sim exercer
o que é sempre devido
adianta tossir
nem que seja a fingir
ou talvez grunhir
(temos tanta pena dos animais domésticos
tão dados ao dono que os há-de matar)

queres ser comida?

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Salvar a face!

Como era de esperar, lá apareceu o Governo a tentar dar a volta ao texto.
De surpresa e criando alguma expectativa (propositada), convoca-se um Conselho de Ministros Extraordinário para resolver o problema da avaliação. Tudo muito bem montado: o Governo quer transmitir a ideia da união em torno da Ministra e da sua teimosa proposta, da importância do problema (se a memória não me falha, terão sido poucos, nos últimos três anos, os assuntos que motivaram a convocação de Conselhos extraordinários) e entra-se em campanha eleitoral vestindo a pele do governante sensível, condescendente que escuta o seu povo.

Nada de inesperado, repito. Foi algo como isto que levou ao memorando, lembram-se?

Bem, mas que resultou então deste extraordinário Conselho? Será bom que o leiam em:

Nos tempos que correm é importante que a informação nos chegue da fonte, pois os meios de transmissão, às vezes, aplicam-lhe truncagens ou acrescentam-lhe ruído (sim, estou a lembrar-me do que fizeram ao que a Manuela Ferreira Leite disse).

No postSuspendam, já!”, que aqui deixei há alguns dias atrás, enunciei as quatro razões porque rejeito este modelo. Disse também que três dessas razões ferem princípios, valores profissionais que preconizo. Não encontro nas sete medidas de simplificação que o Governo propõe agora resposta a estas minhas preocupações. Apenas duas das medidas propostas pelo Governo incidem sobre elas:
- “garantir que os professores são avaliados por avaliadores da mesma área disciplinar” não acaba com a avaliação de pares.
- “dispensar, neste ano lectivo, o critério dos resultados escolares e das taxas de abandono, tal como recomendado pelo Conselho Científico da Avaliação dos Professores” não excluiu que, nos próximos anos lectivos, as notas que o professor dê aos seus alunos tenham influência na sua própria avaliação.
As outras cinco medidas simplificam a materialização do processo. O Governo assume assim que era necessário simplificar. Não se percebe porque demorou tanto tempo a reconhecê-lo!
Nenhuma das medidas faz referência à abolição das cotas ao mérito.
Dito isto, não vejo motivo para alterar a minha posição: SUSPENDA-SE!

Nota Final:
Para dizer que estou farto de ouvir a Sra. Ministra dizer que os professores não sabem interpretar a Lei ou o seu espírito (lembram-se que já houve um Ministro que nos proibiu de o interpretar?).
Disse-o quando resolveu que as faltas justificadas dos alunos já não podem dar origem a exclusão.
Disse-o ontem outra vez quando insinuou que foram as escolas que complicaram o processo.
Chega!
É tempo de assumir a responsabilidade pelo conteúdo da legislação que se assina!
O lobo transformou-se em cordeiro - falta imolá-lo, para que, simbolicamente, a vida escolar continue. Esta é a face dos que da nobreza de carácter fazem profissão de fé.
A ratice não devia valer como método e pedagogia, mas é o que temos. Porque não começaram desde logo por aqui, evitando as malvadezas perpetradas ao longo dos últimos três anos?

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Formas de pressão!

Recebi este e-mail da DGRHE:

Exmo(a) Sr(a). Professor. Com o objectivo de apoiar as escolas na implementação do processo de Avaliação do Desempenho dos docentes, a Direcção-Geral dos Recursos Humanos da Educação disponibiliza a presente aplicação informática a qual irá sendo preenchida à medida que os agrupamentos e escolas não agrupadas vão estruturando o processo. Nesta fase está já disponível a possibilidade de cada docente apresentar os seus objectivos. Uma vez submetidos e tendo em conta o calendário definido em cada Agrupamento/escola, o avaliador do órgão de administração e gestão acede aos mesmos para efeito de validação.A aplicação está disponível no seguinte endereço: https://concurso.dgrhe.min.edu.pt/DefinicaoObjectivos2008.Qualquer dúvida de funcionamento deverá ser colocada ao órgão de gestão, o qual terá apoio através do seguinte endereço:https://concurso.dgrhe.min-edu.pt/PerguntaResposta2
DGRHE

Deitam mão a tudo para assustar o pessoal!
Agradeço a “preocupação” mas não me parece que necessite de usar a vossa aplicação!
Razão tem a Manuela sobre esta Democracia!

Hoje passei-me!

.
.
Por vezes, não acreditamos no que ouvimos.
.
Outras vezes, não queremos acreditar no que nos dizem.
.
Outras ainda, nem acreditamos no que vemos.
.
Hoje, aconteceu-me isso mesmo. Porque há gestos que nem merecem comentário, o meu (e o que o originou) vai assim mesmo, sem explicações. Se alguém precisar ... diga!
.
.
Hoje, no Conselho Pedagógico, soube que alguns Professores receberam um mail informando da existência de uma aplicação para registarem os objectivos individuais, no âmbito da avaliação de desempenho.
.
A Carla Cruz (uma colega da Escola) fez o favor de me enviar o mail, perguntando o que fazer com ele.
.
Disse no CP que considerava a tutela, pelo menos, insensata, ao continuar um processo que sabe não ter enquadramento legal e potenciar o agravamento do clima de insatisfação, revolta, desconfiança ou mesmo de insegurança que vimos já sentindo, nos últimos tempos. Não sendo capaz de ajudar em nada, na avaliação de desempenho, será bem mais capaz de perder o (pouco) que resta nas condições para a concretização do processo. Mas acho que, nessa altura, ainda acreditava que seria um qualquer engano.
.
Não sou apenas crítico, relativamente a este acto. No contexto em que é praticado, considero-o mesmo perigoso.
.
Não me cabe dizer-vos como actuar - só posso pedir-vos que, antes de fazer seja o que for, pensem bem. Procurem quem vos aconselhe e vos preste assessoria adequada.
.
Por mim, vou fazer duas coisas:
.
.
- Esclarecer que não é apenas uma forma de pressão; o link do mail não funciona, mas se forem à página do DGRHE, na área do docente, em avaliação, existe a aplicação e podem entrar nela, com o vosso número de acesso e a palavra passe. Eu já entrei e está lá o meu nome e a possibilidade de registar os meus objectivos individuais.
.
.
- Dizer que devemos demonstrar, por todos os meios, que esta forma de actuação é inaceitável. A minha forma de contribuir é fazer chegar este mail a todos os membros do Conselho das Escolas que conheço e de quem tenho contacto. E aproveitar para lhes pedir para reunirem de emergência e para tomarem posição face a esta actuação da tutela. Até este momento, tenho tido uma posição reservada e cordata. Considero que é tempo de deixar de esperar que o que acontece aos outros não sobre para mim. E apresento as minhas públicas desculpas pela passividade que o meu comportamento revelou, no passado recente.
.
José Maria Silva
.
Presidente do Conselho Executivo da Escola Secundária de Valbom
.
.

domingo, 16 de novembro de 2008

Suspendam, já!

Em Março, em tom irónico, deixei expressa neste blog a minha opinião sobre este assunto da avaliação (FAQ sobre Avaliação). Estávamos em ponto de rebuçado para a realização da (primeira) grande manifestação de professores que viria a acontecer em Lisboa. Dela resultou um memorando cujas consequências, na prática, foram as seguintes:
- O adiar do problema.
- O renascer das cinzas dos sindicatos que aproveitaram a oportunidade para assumirem o protagonismo da contestação.
- A evidência de que esta equipe ministerial dá cartas no que respeita a propaganda e ao exercício (tão comum neste país!) da politiquice.

Esta introdução é necessária para que nos centremos no essencial e não se gastem energias no acessório.

E o essencial é que este sistema de avaliação de professores não serve porque fere a dignidade da escola pública e dos professores. E devemos insistir nos pontos fundamentais que sustentam esta afirmação. A meu ver são os seguintes:

1º) O sistema coloca pares nas funções de avaliador e avaliado.
2º) Usa a avaliação dos alunos como parâmetro na avaliação do professor.
3º) Impõe cotas ao mérito.
4ª) Materializa-se através de um processo impraticável.

Devo confessar que, dos quatro, o que menos me apoquenta é o último. Os três primeiros, no entanto, colocam-me indisposto pois mexem com a dignidade da minha profissão, com aquilo em que acredito, com os próprios valores inerentes a ser professor.
Abro um parênteses para dizer que os valores, sejam eles morais ou sociais, que professo não os encontro nas políticas deste Governo. Por vezes dou por mim a questionar-me se esta gente sabe o que são valores. Mas, embora isso sejam contas de outro rosário, é interessante verificar que o que pegou, em termos de contestação, foi o 4º ponto, a impraticabilidade do processo.
Ora, não se pode cometer o mesmo erro duas vezes! Não se deixe que a habilidade politiqueira resolva outra vez o problema com outro memorando ou coisa parecida.
É tempo de agir! De ser pragmático, já!
Por isso deixem a discussão de alternativas ao modelo. Isso fica para depois.
Concentrem-se no essencial. E o essencial, o agir aqui, é SUSPENDER!
Acho que chegou a hora de aqueles que o podem fazer darem os dois passos que faltam: unirem-se e, a uma só voz, dizerem: SUSPENDEMOS!
Apelo aos Presidentes dos Conselhos Directivos (ou Directores), a todos.
Reúnam-se e decidam: SUSPENDEMOS!
Atirem para o lado o peso que carregam sobre as vossas costas e assumam o protagonismo a que têm direito.
Dêem uma prova viva do exercício da autonomia que tantas vezes pedem.
Está nas vossas mãos!

Coisas da Net ... e dos blogues!

.
.
Por pura curiosidade, digitei o nome deste blogue na pesquisa do sapo e deparei com duas respostas engraçadas.
Uma é esta, que vos deixo - não tenho memória de ter visto isto publicado aqui, mas está bem giro. Se alguém o fez, não fui eu. Palpita-me ...
.
.
.

sábado, 15 de novembro de 2008

Outro modelo proposto

.
.
Paulo Guinote, na revista OPS!, publica a sua visão do problema que se vive na educação e propõe um (outro) modelo de avaliação. Reparem que o autor - a quem cumprimentamos e solicitamos as devidas desculpas por publicar este artigo, ainda por cima truncado, sem primeiro pedir autorização - não apresenta uma proposta alternativa desfazada doutras envolvências, como a divisão dos Docentes em duas categorias hierárquicas, as quotas e a progressão na carreira. Também considera o actual modelo, pelo menos, não adequado a uma verdadeira avaliação do desempenho dos Docentes.
.
.
... O modelo que foi criado e imposto está desadequado das necessidades, recursos e perfil do nosso sistema de ensino (e assumo aqui que o modelo só será aplicado no sector público) em muitos aspectos, sendo defensável no plano das teorias de gabinete, mas prestando-se a imensos bloqueios e estrangulamentos na sua implementação, fruto de equívocos e pecados originais na sua concepção. Isto acontece porque, em vez de ser criado como um sistema de avaliação de raiz, foi criado para legitimar a divisão da carreira docente, resultante do novo Estatuto de Carreira imposto a partir da 5 de Outubro e cujo princípio básico é o estrangulamento da progressão profissional e salarial dos docentes com base num sistema de quotas.
.
.
… As ideias fundamentais, que já acima foram afloradas, são que cada avaliação deverá:
.
Corresponder ao final de cada ciclo de progressão, servindo exactamente para definir a passagem ao escalão seguinte.
.
Corresponder a períodos de três anos – o que implicaria uma progressão na carreira com mais níveis salariais e sem saltos tão grandes entre níveis.
.
Basear-se na apresentação pública de duas aulas, uma sobre a actividade desenvolvida no período anterior, podendo ser mais geral (apreciação global do trabalho realizado) ou mais específica (apresentar uma intervenção mais particular em torno de um problema) e outra sobre o(s) projecto (s) a desenvolver no período trianual seguinte (actividades não lectivas a dinamizar, projectos inovadores no trabalho em sala de aula).
.
A prova seria avaliada por um júri que incluísse um elemento do Ensino Superior na área das Ciências da Educação ou da área científica de origem do avaliado, o(a) Presidente do órgão de gestão da Escola, um elemento a designar pelo ME (potencialmente um inspector qualificado para o efeito), um representante da comunidade educativa (por exemplo da Associação de Pais) e o coordenador do Departamento Curricular (no caso da avaliação destes, seria substituído, por exemplo, pelo Coordenador dos Docentes do seu ciclo de ensino). Essa prova contaria para 50% a 70% da avaliação (25% a 35% por cada aula), sendo o restante resultante de uma avaliação realizada internamente quanto ao desempenho do docente em termos de assiduidade, inserção no projecto educativo da escola, cumprimento das actividades lectivas e tarefas não lectivas, numa grelha com não mais de 10 parâmetros.
.
Esta é apenas uma ideia alternativa que recentraria a avaliação do professor no seu trabalho efectivo e na sua capacidade de o defender, apresentando-o na forma de aulas, exactamente o modo mais elementar e óbvio de expressão desse mesmo trabalho. Deste modo, em vez de avaliações concentradas em períodos específicos do ano lectivo, sobrecarregando-os, a avaliação deveria decorrer em datas variáveis (eventualmente em 3 períodos durante o ano), conforme os grupos de docentes com progressão prevista para determinadas datas, ou intervalos de tempo (porque nem toda a gente tem a progressão alinhada com o dia 1 de Setembro).
.
E tudo seria imensamente menos robotizado e burocrático. Fugiria às autoavaliações fictícias, mas também não deixaria o avaliado completamente vulnerável à apreciação externa do seu trabalho. E o processo seria público. Mas isto é apenas o resultado de uma curta reflexão individual, com falhas, mais ou menos graves, e omissões mais ou menos óbvias, que outros poderão ajudar a encontrar.
.
.
Porque o que está em causa – e deve estar no centro das preocupações de todos os que se preocupam com a qualidade do ensino em Portugal – não é a simplificação mas a substituição deste modelo por outro, que efectivamente contribua para a melhoria do ensino e não meramente para um acréscimo desmesurado do consumo de papel, separadores, capinhas plásticas, tinteiros e tempo, sem que daí alguém tire especial vantagem.
.
.
Desde logo, creio (na linha da simplificação do processo que defendo e aderindo, ainda que apenas por exercício mental, a esta possibilidade de modelo que Paulo Guinote desenha) que 10 parâmetros será ainda um número exagerado, inibidor da simplicidade de processos que é desejável. Ibidem para três períodos/datas de concretização da avaliação, em cada ano. 3 parâmetros e 1 período/data não me parece uma solução impossível. Mas reparem como há modelos alternativos e como se podem (ou não) encaixar no edifício educativo em remodelação.
.
.

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Avaliação de Professores - modelos

.
.
Uma notícia, veiculada pela rádio, relatando que 45 dos 48 Conselhos Executivos das Escolas de Coimbra, reunidos hoje, reclamam a suspensão do modelo de avaliação de desempenho dos Professores que vigora, aliada ao facto de amanhã, de tarde, estar marcada uma reunião dos Conselhos Executivos de Gondomar, onde estarei presente por ser a área em que estou inserido, antecipou uma decisão minha - concretamente, a de publicar o que penso sobre o assunto.
.
Não é uma tomada de posição, ou não o é ainda, tanto quanto um exercício de raciocínio que vou construindo, para melhor participar na reunião atrás referida. Até lá, continuarei a meditar sobre o assunto, que ele merece todo esse trabalho (intelectual). Trabalho que me parece estar algo ausente, nos discursos dos Professores que mais clamam. Mas pode ser impressão minha (ecológica pelo menos, pois não gasta papel).
.
Considerações prévias (ajudam a estruturar o raciocínio)
.
Havia um modelo de avaliação que provou não servir – não só o público em geral assim pensa, como a maioria dos Professores aceita esta apreciação do modelo anterior. Há, contudo, ainda, alguns irredutíveis Professores que vão continuando a afirmar que bastaria melhorar o anterior modelo, não sendo absolutamente necessário a sua revogação, como aconteceu; mas aceitemos que o modelo, que antecedeu o actual, faliu.
.
Foi construído e implementado um novo modelo, pela equipa ministerial. É recorrente a afirmação dos responsáveis pelo Ministério da Educação que este modelo resultou de um longo período de negociação. Se negociar significa ceder e aceitar, ainda que em parte, a posição do(s) outro(s), então não creio que isso tivesse acontecido. Emendo: isso não corresponde à verdade.
.
Este modelo foi implementado, de facto. Está consignado em lei. Lei que foi publicada e está em vigor. Aqui, tenho um (pequeno) problema – nasci, cresci e formei-me numa organização social que considera(va) a lei como algo muito importante, sendo apenas “violável” (característica da lei que pouco ou nada se estuda) se as consequências pudessem ser evitadas. No caso presente, a lei prevê sanções para quem, tendo que avaliar (os avaliadores), não o faça. Os que devem ser avaliados não são obrigados a fazê-lo. Não há, na lei, sanção para os avaliados, apenas uma consequência: não progredirão na carreira. Mas a verdade é que os governantes vão ajudando a acabar com a imperatividade da lei, com as vezes que a mudam sem avaliar o que antes falhou.
.
É afirmado, também recorrentemente, que quem contesta não apresenta alternativa. Em muitos casos, é verdade. Mas há aspectos que não podem ser ignorados, para quem contesta. Este modelo tem uma filosofia que o enforma, tem uma finalidade clara e está organizado no terreno. Qualquer outro, ou se adapta à filosofia, finalidade e organização existentes, ou rompe com elas. Não há meio termo.
.
Posição pessoal quanto ao modelo existente
.
Contesto este modelo. Não creio que um modelo adaptável àquelas condições seja uma boa solução. Por isso, gostava de ter um modelo construído de raiz, o que não é fácil, a meio do percurso, como (já) estamos. E eu não gosto de mudar as regras a meio do jogo, não gosto que as mudem e não gosto do caos. Por muito que custe, este modelo deve prosseguir até ao seu final, que já está aí (Junho 2009). Aceito que não vá. Sei a força que 120.000 contestantes demonstram em época pré-eleitoral. Absolutamente legítima, essa contestação, diga-se. Não há chantagem nenhuma em democracia, quando as pessoas manifestam a sua oposição a uma medida/opção política tomada. Por muitos que sejam. Mas a sua suspensão (do modelo) não me parece ser melhor que o seu sofrimento arrastado, por mais 6 meses.
.
O que vejo de mal neste modelo? Desde logo, considera que avaliar é uma actividade democrática ou democratizável. Não é. Avaliar é recolher evidências de aspectos considerados importantes, adaptar essas evidências a uma escala (chamemos-lhe assim) e apresentar os resultados que daí decorrem. Em rigor, o avaliador reconhece (ou deve reconhecer) e certifica o que o avaliado demonstra (saber, saber fazer, fazer, saber estar, estar, seja lá o que for, desde que previamente estabelecido, como aconteceu com a tal escala). Apetece dizer, como o poeta: vós, que lá do vosso império avaliais os vossos Alunos, também usais de métodos democráticos para tal tarefa? Cuidado, que pode um Aluno novo querer uma avaliação desse tipo a sério! Convenhamos: vai havendo quem construa avaliações deste tipo. Mas, convenhamos também, não serão os 120.000 ... nem lá perto! Avaliar é terminar processos, também. Não joga muito bem com decisões maioritárias. É tanto assim que os Professores nunca ligaram muito ao facto da avaliação dos seus Alunos ser da competência do Conselho de Turma (em que são todos avaliadores, por acaso. Sem avaliados presentes). Meia dúzia de situações, em cada mil que ocorrem, são resolvidas pelo grupo. As restantes nem sequer são apreciadas na sua fundamentação. É assim, sempre assim foi e sempre será. Fatalismo? Talvez ...
.
Também por isto não acredito na avaliação pelos pares – muito menos quando o avaliador pode ser o avaliado de amanhã, passando um dos avaliados a avaliador. Esta possibilidade, sempre presente no actual modelo, confunde-me! Eu faço o mesmo que tu, ora avalio-te; mas amanhã, avalias-me tu. Isto pode ser sério? Não me parece. E o avaliador não tem que deter qualquer competência específica para exercer a função. Até pode não a ter, tendo-a o avaliado! Para não me alongar neste item: o avaliador tem que avaliar a componente científica da acção do avaliado e pode não ter qualquer competência nessa componente. Alguém que me explique como demónio isto pode resultar, na prática (um avaliador de Visual avalia um avaliado de Educação Física. Ou vice-versa). Chega a arrepiar, a simples ideia. No entanto, é uma realidade, não apenas uma perversidade.
.
Outra particularidade que nem sequer entendo. Avalia-se ao longo de dois anos, várias vezes, regista-se, informa-se e o avaliado vai percebendo como está a ser avaliado. Pode (tem que poder, está na essência do sistema) reclamar de todo e qualquer acto avaliativo. Isto tem vantagens, reconheço. O avaliado pode sempre alterar comportamentos, para obter melhores resultados. Mas o custo (conflitualidade) vale esse ganho?
.
Na sequência da vontade de ser breve: este modelo determina que todo o resultado está condicionado, directa e necessariamente, ao trabalho do Professor em termos individuais. Que a acção do grupo, da equipa, é menos relevante, nas aprendizagens, que o que cada um faz. Até pode (ainda) ser verdade, esta permissa. Mas não é isso que todos os pedagogos dizem. Ou os estudos sociológicos. Ou a realidade que nos cerca. O que nos dizem é que, se ainda assim é, deve ser alterado rapidamente. Se o modelo de avaliação existente assenta na acção do indivíduo, onde vai parar esse desiderato? Só pode ser ao lixo, que a acção não vai considerar nada disso! O evitar a saída da Escola de um Aluno decorre da acção de uma pessoa? Absolutamente inacreditável! Mas é o que afirma, peremptoriamente, este modelo.
.
Proposta de modelo alternativo
.
Vamos à alternativa, que tenho. Não é um modelo estrangeiro que estudei, não resultou de actividade científica que desenvolvi nem da conjugação de teorias que entranhei. É produto do dia-a-dia, da experiência, da testagem, da reflexão e da projecção dos resultados que concebo. Por isso, será sempre um modelo (algo) falível. Porque este documento já vai longo, sintetizarei o modelo e virei defendê-lo, nas suas componentes, mais tarde. Para já, divulgo-o:
.
Acabar com a divisão entre Professores Titulares e Professores (esta distinção, na carreira, está ao serviço da filosofia que atrás falava, a do edifício educativo que se erigiu nestes 3 anos de governação).
.
Acabar com a avaliação pelos pares (se se pretende manter este tipo de avaliação, não sei como se pode ser contra a divisão dos Professores. Quem grita que se deve acabar com a divisão mas quer ser avaliado por um colega, tem que explicar como, porque eu desconheço uma solução praticável, nessas condições).
.
Acabar com a noção de responsabilidade individual pelos resultados do insucesso e do abandono (não dependem, nunca, de uma pessoa, logo não devem ser reduzidos ao que um qualquer fez ou deixou de fazer). Como se resolve, sozinho, um abandono por dificuldades económicas da família? Mesmo em equipa, ainda que multidisciplinar, isso é missão quase impossível, como se pode sequer pensar que o A é responsável ou vai ser capaz de inverter esse abandono?
.
Manter a avaliação bicéfala – a avaliação dos aspectos científicos é concretizada por especialistas externos (inspectores da área cinetífica, formados, como já estão, para avaliar, ou avaliação por entidades externas acreditadas, seja de empresas/organizações específicas, seja oriunda do ensino superior) e os aspectos funcionais/organizacionais/relacionais são avaliados pelo dirigente máximo do serviço – o actual Presidente do Conselho Executivo, por exemplo. Os aspectos pedagógicos da acção do avaliado podem ser entregues a um dos sugeridos ou ser partilhados, conforme os estudos científicos demonstrem ser mais adequado. Não deixo de considerar a possibilidade da avaliação estar entregue apenas ao Presidente do Conselho Executivo, servindo a inspecção/organização para dotá-lo de informação pertinente, sempre que o solicite ou seja programado superiormente. Mas reconheço que esta solução “funcionaliza”, em demasia, o Professor. Para quem teme a avaliação externa, estamos todos os dias a ser a ela sujeitos. Daí não tem vindo mal ao mundo, antes pelo contrário!
.
Deve ser simplificado, desburocratizado e recentrado. Deve partir dum reduzido número de parâmetros, não multiplicados posteriormente num infindável número de itens/grelhas/fichas que só complicam e afogam tudo e todos. Deve ser suportado em documentos simples, concretizados num momento específico, pré-determinado e limitado ao final do processo. Assim será, seguramente, menos reclamável/contestável.
.
E, julgo ser este o aspecto mais relevante, deve incidir, sobretudo, no trabalho desenvolvido pelo conselho/departamento/grupo, em vez de se centrar no indivíduo. Ao avaliar a equipa e fazer reflectir em todos o mérito ou desmérito (e os resultados também são considerados, sobretudo na vertente positiva, de aumento de alunos e de sucesso) é possível espelhar a avaliação na qualidade dos resultados da escola.
.
O modelo em vigor não tem condições para se reflectir na melhoria dos resultados da instituição – antes se perspectiva como seu condicionador. Esta alternativa apresentada terá essa virtualidade. É, pelo menos, o que penso.
.
.

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Não foi no verão. E agora?

.
.
Depois da manifestação dos Professores em Março, comentando o facto com os que me cercam (acho que se diz inner circle), considerei que dificilmente a Sra. Ministra se aguentaria para lá do verão. Férias, as escolas sossegadas, os Professores a banhos e esse seria o tempo ideal para uma mini-remodelação, abrindo a porta a uma outra pessoa, menos conflituosa, mais acessível, assim a modos que mais Ana Jorge, se é que me entendem - alguém a quem não ficasse mal ceder aqui, abrandar acolá, de maneira a segurar o leme no último ano da legislatura, sem que a ondulação causasse muitos estragos.
.
Não aconteceu. Aconteceu, isso sim, outra manifestação, mais marcante do que a anterior. A ocupante da pasta é a mesma e, como não podia deixar de ser, o discurso é o mesmo, também. Que diabo, tudo o que existe é resultado de um edifício que vem sendo construído desde há três anos. Ceder agora seria, aos seus olhos, deixar a casa por acabar, no momento de a abandonar.
.
Como é que isto vai ser resolvido? Não faço a menor ideia. Atacou ferozmente os professores onde mais lhes dói - na sua dignidade profissional. Eles respondem como podem - na rua e no campo eleitoral, sobretudo, já que não lhes pertence o poder dos magistrados ou a influência dos médicos, por exemplo. Será que os políticos vão desprezar este campo (o eleitoral, que se desgasta rapidamente), que lhes é tão querido? Se o fizerem, salvam a face (que raridade tão custosa!). Se o não fizerem, ainda vão a tempo de ganhar alguma coisa?
É que (diz-se) a memória do povo não ultrapassa os 6 meses; se assim é, devem despachar-se!
.
Ah, e outra coisa, antes que me esqueça - a batata quente continua onde estava, nas mãos de todos. Um destes dias explico melhor esta ideia. Se outro o não fizer por mim.
.
.

domingo, 9 de novembro de 2008

do carácter

A batata quente está agora nas direcções das escolas. Há n moções para suspender +, subscritas por avaliadores e por avaliados, por titulares e por não titulares, por muitos que estão à beira da aposentação e por novatos, por quem tem a perder e por quem não tem. Todavia, o espírito «de estado»* prevalece. Vamos no bom caminho, então não vamos.

+ digo bem, lamentavelmente: as criaturas que nos dirigem raramente se rebelam e, se o fazem, é contra o elo fraco.

* comatoso, ainda que com esgares que se mesclam com a alegria e a confundem.

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Maravilhas só em Olissipo

A retórica parlamentar usa a crise, ou melhor, usam-na bem forte os da situação. A gente houve. De permeio, o deputado de Aveiro, filho do fumador de charutos, avoca a diminuição dos chumbos (sic) a matemática (certamente que se refere ao chamado ensino secundário e /ou ao 9º ano). O mediador Silva fala nas reformas, e inclui a educação. Vou ali e já volto. «Temos uma escola pública e um modelo de formação mais inclusivo para que ninguém fique de fora e todos tenham mais uma oportunidade». Ora cá está. Convencendo-nos que vamos no bom caminho, ninguém nos pára. Brre.
No sábado vai haver enchente
no terreiro em que
há cem anos o rei foi morto
agora estamos sob um guarda-chuva
de doze varas começou por ser
que pena terem matado o rei
para chegarmos a
i
s
t
o

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Sentimento estranho

.
.
Ouvi, na rádio, um comentário do Professor Quintanilha que apreciei. Dizia esta douta personalidade que a esquerda europeia se sentia "desconfortável" (a ideia era esta, a palavra usada não) com a eleição de Obhama, nos EUA - sobretudo porque aconteceu justamente nesta potência capitalista o supremo acto democrático que se traduz na escolha de um representante da comunidade afro-americana, minoritária e mal tratada, para a liderança. Ouvi e concordei.
.
Depois, reflecti. Tenho acompanhado todo o processo (eleitoral) com alguma curiosidade. Nos últimos dias, vi reportagens sobre os candidatos e espreitei a forma como o seu discurso (deles, dos candidatos) foi evoluindo. E concluí: ou fui ficando desiludido com o presidente eleito, porque se tornou evidente que a sua ambição pessoal é o motor da sua acção, ou também faço parte daqueles que não esperavam este final.
.
Permitam-me ir um pouco mais longe. Ver um candidato republicano constrangido quando teve que apoiar publicamente G. W. Bush, em 2000 (por pura fidelidade partidária), humilde na forma como reconheceu ser uma das pessoas mais afortunadas do mundo pela vida que construiu, ou enorme na forma como sempre respeitou o oponente e como reconheceu a sua vitória, faz-me sentir que, agora, o aprecio mais do que alguma vez imaginei possível. Será por me sentir desconfortável com a vitória de Obhama? Será porque perdeu, e eu tenho sempre um especial carinho pelos derrotados? Será porque, bem lá no fundo, eu sempre soube que não havia diferença nenhuma entre eles? Será? Será?
.
Acho que o maior sonho americano do momento é ... ser europeu! E isso já foi bem melhor. Que o digam os islandeses. É que isto de ser pobre é sempre desconfortável. Sei-o (demasiado) bem.
.
.
44º

terça-feira, 4 de novembro de 2008

Referentes --- ª º ^...^~
Indicadores~! + « &#= # $
Objectivos individuais ============== ====== === ------ _______ ---------

Objectivo: salvar a pele com protector 100

Indicadores: o da mão direita, nos dextros, o da mão esquerda nos sinistros (é de lei, nada de conotações), um terceiro no bolso da blusa.

Referentes: são relativos, por definição. O melhor é não ligar muito a febres passageiras. o futuro está noutro lado, sempre esteve.

OITO - OITO - OITENTA POR CENTO ESTÁ COM VONTADE DE MANDAR A ALBARDA AO CHÃO (o burro sou eu?).

sábado, 1 de novembro de 2008

Capitalismo selvagem. Assim mesmo.

.
.
Fernando Pinto, administrador da TAP, decidiu cortar 10% nos vencimentos dos administradores da empresa (diz-se, por aí, que assim foi. Vendo ao preço que comprei).
.
Há uns anos, tendo aterrado para iniciar funções, também em período negro da transportadora, (falava-se mesmo na venda ao desbarato e aos privados, como única solução) convenceu todos, sobretudo os trabalhadores, que era fundamental fazer sacrifícios para assegurar o futuro. Nessa altura, como agora, não procurou o caminho mais óbvio e simples, despedindo pessoas. Reorganizou, incentivou, clarificou projecções e conseguiu uma coisa, há data, impensável: recuperou financeiramente a empresa e conseguiu uma série de anos com resultados positivos.
.
Julgo que os sindicatos e os trabalhadores da empresa foram, nessa altura, muito inteligentes, apoiando-o.
.
Tudo se fez para destruir o trabalho que desenvolveu. Colocaram políticos incompetentes a mandar na empresa (mais uma vez, sem certezas, julgo ter sido Mexia que impediu as funestas consequências de tais actos, contra a vontade dos seus pares, ao repor a autoridade de Fernando Pinto), criaram-lhe dificuldades gratuitas (reduzindo-lhe o vencimento, suportados num moralismo popularucho) e nunca reconhecendo os méritos que, indubitavelmente, detém.
.
Não sei quanto tempo vai demorar a dar a volta aos problemas da TAP. Sei que, se o deixarem, o vai fazer, disso tenho uma certeza que roça a fé. Também sei que a medida tomada (os menos 10% nos vencimentos dos administradores, também no seu) de pouco valerá para a solução imediata ou recuperação futura. Mas mostra que, se tivermos cuidado na escolha, se os méritos forem considerados, o capitalismo que vivemos (incomoda, a palavra, até chega a doer, mas é mesmo assim, Dr. Barroso) poderá ser um pouquinho menos selvagem.
.
Porque são poucos, os capitalistas que não são selvagens. Basta analisar os lucros da Banca, nesta fase de crise (sem dinheiro, lucram selvaticamente), das petrolíferas, das gasolineiras, sempre lestas a aumentar o preço e caracoleando a sua descida, sem cuidar de atender às "leis" do mercado. As únicas, das que conheço, que não se respeitam a si mesmas. Por isso, e por falta de alternativa real, é tempo de investir nas pessoas. Em algumas pessoas. Se assim não for ...
.
.