quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

Cartas ao Papa

«Não passarei por este exercício governamental sem instituir um sistema de avaliação de professores», declarou José Sócrates aos jornalistas no final do debate quinzenal na Assembleia da República.
Ao longo do debate, os critérios do novo sistema de avaliação dos professores foram contestados por todas as forças da oposição, sobretudo pelo presidente do CDS, Paulo Portas.
José Sócrates lamentou essas críticas da oposição e contrapôs que «os portugueses precisam de saber que há mais de 30 anos que não há um sistema de avaliação dos professores».
«Essa situação não pode continuar. A existência de um sistema de avaliação é fundamental para o país, desde logo para fazer justiça aos professores«, sustentou.
Na perspectiva do primeiro-ministro, a entrada em vigor de um sistema de avaliação »é a melhor garantia que se pode dar às famílias, aos alunos e aos professores, porque o mérito será premiado».
Diário Digital, 13.2.08
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Umas perguntas ocorrem:
1. Que andaram a fazer os centros de formação, de avaliação, bem como as estruturas, acima dos professores do ensino básico e secundário (operacionais), instâncias que se encarregaram, durante pelo menos uma década, de dar vazão a dinheiros CEE e que validaram tantas, tantas unidades de crédito, de um modo geral necessárias para se mudar de escalão, tudo dentro da lei da assembleia da república e da legislação dos Governos do bloco central e em geral dos partidos do arco do poder? Se houve embuste, foi com a conivência dos poderes instituídos e com a colaboração de grandes cátedras, no público, no cooperativo e no privado – então é justo que a Europa reclame, peça contas das verbas dispendidas e nos coloque a todos no banco dos réus.
2. Desde 1975 que faço formação, paga por mim (gastei mais de mil contos, só de uma empreitada), e também paga pelo Estado, em empresa, em escola pública e em escola privada, ou então dada por carolas-professores-dos-bons – para que serviu? Grande parte dela estava absolutamente certificada e foi dada muito direccionada para o ensino especificamente entendido.
3. Como foi possível haver durante tantos anos tanto escalão de carreira docente, aos olhos de todos, tudo direitinho, sem ninguém do alto do poder protestar dizendo: isto é uma burla? Só agora é que temos inteligência sufragada, em Portugal?

4. Como acreditar que os professores são os principais culpados do actual estado de coisas? Talvez sejam, sim, mas por terem falhado, como muitos que conheço, o sentido do voto.
5. Como acreditar que a senha demolidora do edifício, ou palhota, que se foi erguendo em 30 anos vem pela mão de professores e até talvez de gente que em tempos andou próxima de sindicatos?

TUDO ISTO É, PARA NÓS, OS MAIS VELHOS NO SISTEMA, MUITO CLARO (OU MUITO SUJO).

Viver é saber viver, acordar fresco todas as madrugadas (na Guerra Civil é bem pior). E é também mexer o dedo grande do pé.

1 comentário:

pandacruel disse...

Não quero armar-me aos cucos, mas até fui avaliado por um júri externo. Evidentemente que o tempo passa e, para quem começou em 1971,já não há, francamente, contextos precisos. Nem salvadores que valham. Nem demagogos. Nem sequer boas intenções (não chega, está o inferno cheio delas, como diz o nosso - nosso mesmo - povo).