quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

E la nave va

Recomeçar

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Tomo a liberdade de "buscar" nos comentários da publicação anterior matéria para este novo "post". Sei que o(s) autor(es) desses comentários não se importará(ão) com este pequeno abuso.
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Quer a CONFAP, quer o pandacruel (que conheço há muitos anos e a quem confiaria sem hesitar, se tal se proporcionasse, a formação dos meus filhos, isto para abrir horizontes a quem o não conhece), desenharam algumas propostas que não estão no terreno, mas que merecem ser consideradas. Vamos ordená-las:
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Criação do Provedor da Criança;
Interessante, esta sugestão. Em princípio, com Pais e Professores, todas as crianças deveriam estar "providas", não necessitando de um Provedor. Depois, todas as áreas sociais com Provedor revelam uma característica comum: são o que são e assim continuam, porque o Provedor pouco importa na sua regulação. No entanto, se desenvolvida, esta ideia poderá ser interessante.
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Articulação curricular nos 2.º e 3.º ciclos do ensino básico, com a redução do número de disciplinas que os integram;
Mais do que pertinente, esta posição. Acrescento: 30 tempos lectivos (correspondentes a 5 dias a 6 tempos lectivos diários, ou seja, só de manhã) acrecidos de 6 tempos de apoio, projectos, clubes, orientação (correspondente a 5 dias a 2 tempos diários) deveria ser o limite máximo possível, em cada Escola. O ideal seria 24 tempos + 6 tempos, num máximo de 30 tempos na Escola.
2 novidades a considerar no complemento (na tarde): 1 tempo para debate/exercício de cidadania/democracia e 1 tempo para abordagem da interculturalidade. Juntemos aqui a 3ª língua estrangeira, proposta pelo pandacruel, numa primeira fase, e teríamos condições promocionais da qualificação do ensino. Convenhamos que, nesta perspectiva, a Escola a tempo inteiro estaria "fora" da competência dos Professores, o que se me afigura correcto. Da mesma forma que as AEC (actividades de enriquecimento curricular), tudo o que estivesse para além deste modelo seria da responsabilidade da autarquia, com os seus monitores, funcionários, técnicos, etc.. O alargamento desta organização ao Secundário de formação não profissionalizante seria natural.
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Avaliação efectiva e eventual revisão dos critérios de orientação pedagógica das aulas de 90 minutos e da sua aplicação pelo corpo docente (técnicas de pedagogia activas, trabalhos de grupo, etc.);
Quanto mais leio e estudo esta matéria, mais me parece pertinente que se avance nesta avaliação. Não só na busca dos critérios e da sua aplicação. Também o tempo de 90 minutos deve ser reanalisado. Não para se voltar aos 50, isso não. Mas estou convencido que, entre os 60 e os 75 minutos deve andar a boa solução para que o tempo de aula não seja desperdiçado. Os países que conheço não se organizam em tempos de 90 minutos - nem lá perto! Itália (60 minutos, de manhã) Islândia (60 minutos, manhã/tarde) e Inglaterra estão estruturados fora dessa lógica.
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Que cada agrupamento de escolas disponha de um veículo motorizado, a gerir pelo Órgão de Gestão e ao serviço, também, da Associação de Pais e Encarregados de Educação;
Como eu percebo esta ideia! Dos 25.000 km que faço por ano, com o meu carro, mais de 10.000 são ao serviço da Escola. Ainda esta semana fiz mais de uma centena. E ainda ofereço o meu carro para trazer a equipa de apoio da DREN à minha Escola, quando eles me dizem não poder vir em determinado dia por "não haver carro disponível". Pensando bem, consigo ser até um pouco "lorpa", nesta coisa de gastar o meu dinheiro ao serviço da Escola ...
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Que o ensino de mais uma língua, para além do inglês e do francês, seja declarado de interesse público;
Já comentado supra. Concordo. Espanhol, Italiano, Islandês, Ucraniano ou Russo, são línguas cada vez mais importantes no futuro que já aí está.
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Que passe a haver reuniões, a um sábado de cada mês, entre os encarregados de educação e um ou mais representantes dos directores de turma (devendo estes ficar dispensados de serviço na segunda-feira - a prever no horário 2008-09);
Percebo a ideia, não tanto essa solução dos "representantes dos directores de turma", antes com todos os Professores da Turma. Há Escolas que já vão fazendo isto (Alfena tem um encontro por período entre os Professores da Turma e os Pais, num dia em que os Professores estão na Escola, disponíveis para atender os Pais, em tudo o que estes pretendam). Ah, e não creio ser preciso a dispensa na segunda-feira; basta deixar que a Escola, com autonomia, se organize para responder a esse aspecto.
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Que o ano lectivo comece a três de Janeiro de 2009, para os alunos de seis anos que entrem no 1º Ano de escolaridade, iniciando-se aí novo calendário e novo modelo, a entrar progressivamente em vigor, a saber:
a) Não há princípio nem fim - tudo é sequência - urge romper com a «história» dos anos lectivos e, depois, com as turmas (repito: progressivamente);
b)Os meses de exames serão, em princípio, e salvo melhor opinião, os de Janeiro e de Julho;
c) Neste modelo - que proponho - evidentemente que não há reprovações definitivas, pois a estrutura, próximo da modular, permite dar passos, grandes, médios ou pequenos;
Só pensei neste tipo de organização depois de, há uns anos atrás, ter visitado a Escola da Ponte. Creio que o pandacruel me acompanhou, nessa visita. Mas, entretanto, esqueci o assunto. Agora, que mo relembram, é de considerar a possibilidade.
O que mais me marcou, nesse dia na Vila das Aves, para além da Assembleia (era à 6ª feira de tarde), foi a Aluna que nos recebeu e que, a nosso pedido e escolha, leu uma acta que registava a forma como se resolviam os problemas disciplinares. Não fiquei indiferente à forma encontrada por todos (na Escola da Ponte, nesse tempo, todos decidiam tudo, e todos significava Alunos, Professores, Funcionários, em igualdade), mas o que mais me surpreendeu foi a leitura feita pela pequena - notoriamente mais clara, correcta e esclarecida que a feita pelos meus Alunos, todos do Secundário.
Questionada por mim quanto ao ano que frequentava, franziu o sobrolho e respondeu que não frequentava ano nenhum. Estava na Escola há quase dois anos. E que estava na sala dos que, como ela, já tinham aprendido determinados conteúdos. Quanto ao que iria aprender, nos próximos tempos, tínhamos que ver o quadro onde estava escrito o que ela decidiu aprender.
Ou seja, se percebi bem nesse dia, os Alunos escolhiam a matéria a aprender, dum conjunto defenido pela Escola. Escolhida essa matéria, competia ao Professor começar a trabalhar com ela (e com os outros que também queriam aprender o mesmo).
A única coisa que não entendo é o início do ano em Janeiro. Não sei, sequer, se consigo adaptar-me a isso. Curioso: não é a organização que me assusta, mas o romper de hábitos de vida enraízados (as férias, para mim, acabam com um ano e começam outro - qualquer outra hipótese confunde-me).
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Aqui está um conjunto de propostas que merece ser analisada, discutida, quem sabe, testada no terreno. Ou não?
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sábado, 23 de fevereiro de 2008

A CONFAP e os Pais

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Retirado dum comunicado da CONFAP, datado de 22 de Fevereiro de 2008:
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Aplicação do novo Estatuto do Aluno - Lei 3/2008, de 18 de Janeiro
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Face à desinformação que inopinadamente “caiu” nalgumas escolas, por obra e graça de conhecidos profissionais da destabilização nos estabelecimentos de ensino, mais preocupados com a sua própria carreira profissional e manutenção de privilégios, do que garantir a qualidade do ensino, cumpre-nos informar as Associações de Pais que é uma grosseira falsidade que a aplicação do novo Estatuto do Aluno tenha sido suspensa até final do ano lectivo.
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Sem me deter a apreciar a parte ofensiva do seu conteúdo, registo o tom com que a informação é prestada, em que a aplicação da lei com as alterações introduzidas em Janeiro é, praticamente, exigida pela CONFAP.
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Outro aspecto do comunicado, quando entra nos esclarecimentos:
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2. Contudo, a sua aplicação determina que os regulamentos internos de cada escola sejam adaptados ao que naquele diploma legal se estatui, por força do Art. 2.º, “Norma transitória”: “Os regulamentos internos das escolas em vigor à data do início da vigência das alterações ao Estatuto do Aluno, operadas pela presente lei, devem ser adaptados ao que nela se estatui, nos termos estabelecidos no artigo 6.º do Decreto-Lei n.º 115-A/98, de 4 de Maio, até ao final do ano lectivo em curso”.
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3. Mais se esclarece que, quanto à aplicação do disposto no Art. 22.° da Lei 3/2008, resulta do disposto no n.° 3 do Art. 24.° e dos números 2, 6 e 7 do Art. 26.° que, na aplicação de medida correctiva, há que considerar o que nessa matéria se encontra consagrado no regulamento interno. Ou seja, a aplicação do disposto no Art. 22.° da Lei no 3/2008 só se poderá efectivar após a adaptação dos regulamentos internos das escolas ao que nela se dispõe.
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Até aqui, continua o mesmo tom e a mesma exigência: tirando este aspecto das medidas correctivas, tudo o resto é aplicável (?).
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Graças a uma fórmula própria, que desconheço em absoluto, que nem sequer sou capaz de descortinar, conclui o comunicado/esclarecimento:
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4. Concluindo,
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a) Enquanto a adaptação não ocorrer em sede de regulamento interno, aplica-se o constante da Lei N.° 30/2002, de 20 de Dezembro;
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b) Os regulamentos internos de cada escola devem ser adaptados ao previsto na Lei n° 3/2008, de 18 de Janeiro, impreterivelmente, até ao final do ano lectivo de 2007/2008.
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Ver todo o comunicado aqui.
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Ou seja, pelo que depreendo, a aplicação da lei está suspensa até final do ano lectivo 2007/08. Que antes, no início do comunicado, era uma grosseira falsidade, produzida por aqueles "profissionais da destabilização nos estabelecimentos de ensino, mais preocupados com a sua própria carreira profissional e manutenção de privilégios". E que agora, no final do comunicado, não deve ser aplicada, antes se aplica a lei de 2002.
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Os Pais que vieram à Escola, nos últimos dias, ouviram esclarecimentos quanto à forma como a lei, com as alterações introduzidas, vai ser aplicada (agora ou em Setembro de 2008, já não faço ideia quando!). Abstenho-me, por pudor, de repetir aqui aquilo que eles (os Pais) disseram da nova lei.
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Os dirigentes da CONFAP lutam contra a falsidade ... pela aplicação imediata ... mas só depois do final do ano lectivo!
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Que diabo andam a fazer/dizer os dirigentes da CONFAP? O meu amigo Albino Almeida ouviu alguém, nos últimos tempos, quanto aos efeitos deste novo Estatuto do Aluno? Tem a certeza?
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Se calhar, era melhor começar a ouvir. Porque agora, ou em Setembro, as coisas vão ficar difíceis de gerir. É que eu vou ouvindo os Pais ... e vai ter grandes surpresas ... ou estou muito enganado!
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Com Fevereiro quente...

... e o diabo no ventre das pseudo-altas esferas lusas, só volto aqui na Páscoa. Serei reforçado por quem de direito, naturalmente, que a quinta coluna não foi ainda atacada pela reuma.

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

Tsunami legislativo na Educação

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Hoje iniciei, na Escola que me cabe dirigir, reuniões com os Pais para os informar das alterações recentemente introduzidas no Estatuto dos Alunos.
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Isto é assim: existia uma lei, chamada Estatuto do Aluno do Ensino Não Superior, que estava a regular a vida das Escolas desde há meia dúzia de anos. Agora, em Janeiro de 2008, foi publicada uma lei que altera as regras desse Estatuto.
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Por exemplo, os Alunos já não reprovam, se ultrapassarem um limite de faltas injustificadas pré-definido. Agora, desde Janeiro, segundo a lei, os Alunos que atinjam um determinado número de faltas, justificadas ou injustificadas, fazem uma prova de recuperação (um exame ou um teste); se ficarem aprovados, continuam o percurso escolar; se não ficarem aprovados, podem 1 - fazer outra prova; 2 - chumbar e ficar na Escola até ao fim do ano lectivo, se forem Alunos do Básico; 3 - chumbar e ir para casa, sendo que esta última solução só se aplica aos Alunos do Secundário. Os do Básico ficam retidos, mas continuam na Escola, como atrás se disse.
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O interessante é que entra neste processo o Aluno que esteve doente um mês, internado ou de cama, com as suas faltas justificadas, e o Aluno que falta para vadiar, jogar a bola, fumar uns charros ou assaltar pessoas. A lei não os distingue, é (verdadeiramente) cega.
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Foi difícil explicar isso aos Pais que hoje foram à Escola - são, normalmente, os Pais dos Alunos que estudam e pouco ou nada faltam. A não ser por doença, quase sempre grave. Não entenderam que resultado positivo vai sair desta lei, para os seus filhos. Desconfiam, isso sim, que poderão acontecer resultados muito negativos.
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Também não percebem porque fica na Escola um Aluno crescido que falta sistemática e injustificadamente, continuando até ao fim do ano lectivo. Desconfiam, agora com um elevado grau de certeza, que o direito a aprender dos seus filhos vai ser difícil, se não impossível, de concretizar, com aqueles "meninos" a destruir o ambiente de trabalho.
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Ao mesmo tempo que estava a tentar explicar o que é, em muitos casos, inexplicável, nomeadamente o que fazemos a meio do ano lectivo com esta alteração (a ginástica que temos que fazer para operacionalizar isto) recebi a seguinte informação: A Sra. Ministra, nessa altura reunida com os representantes das Escolas (o Conselho das Escolas), terá dito que esta lei, publicada em Janeiro de 2008 para vigorar de imediato (é o que está no seu texto), irá ser suspensa, para ser aplicada só no próximo ano lectivo.
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Se confrontarmos as notícias, que no verão passado nos diziam que a lei (esta das alterações) estava pronta, com a sua publicação a meio do ano, com as acções de implementação que agora temos que desenvolver (por exemplo, convocar os Pais, de urgência, para os esclarecer) e com esta (ainda e só uma possibilidade) da suspensão da sua eficácia, um mês depois de entrar em vigor, até Setembro de 2008, apetece dizer: a seguir a um tsunami legislativo, temos sempre a esperança de ver surgir a bonança do reconhecimento da idiotice, da estupidez e da cretinice dos actos daqueles que fazem e desfazem sem saber o que andam a fazer (uso três termos com alcance similar para que não restem dúvidas sobre o que penso dos seus actos, sublinho, dos seus actos, não dos seus autores, pessoas responsáveis e bem formadas, que não pretendem assumir posturas censuráveis, isso acontece por acidente, quando muito).
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Vamos concluir, antes que descambe: a validade da lei pode ser suspensa, até Setembro. Esse é um acto que "emenda" um outro com aquelas características, embora nos coloque, aos que andam no terreno, numa posição caricata (andamos a alertar os Pais para ... nada, por agora, obrigado). Mas não resolve todos os outros actos com as mesmas "virtudes" que a lei apresenta. Se a lei se mantiver, apenas as difere (a idiotice, a estupidez e a cretinice) para Setembro. Continuam a ser resultados idiotas, estúpidos e cretinos produzidos por quem julga ser possível resolver problemas de falta de assiduidade tratando os cumpridores e os prevaricadores da mesma forma, criando condições para prejudicar objectivamente os que querem aprender e desresponsabilizando os que tudo fazem para destruir a Escola. E não estou a falar (só) dos miúdos!
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Ah, antes que me esqueça. Também pode acontecer que a lei continue a vigorar, sem suspensão nenhuma. Já agora, até será preferível. Quanto mais cedo se tenta aplicar uma ideia idiota, mais rápido se pode acabar com ela.
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sábado, 16 de fevereiro de 2008

Preciosidades

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Tema: avaliação de desempenho dos docentes.
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Pequenas (pequeninas) perversões, pequenas (maiorzinhas) intenconalidades.
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A lei refere a necessidade de se cumprir com as intruções emandas dum órgão específico:
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Artigo 6.º
Instrumentos de registo
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2 — Os instrumentos de registo referidos no número anterior são elaborados e aprovados pelo conselho pedagógico dos agrupamentos de escolas ou escolas não agrupadas tendo em conta as recomendações que forem formuladas pelo conselho científico para a avaliação de professores.
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O órgão não existia. Uma pessoa substituiu todo um órgão colectivo, nas instruções que deveriam ser (foram?) produzidas para se concretizar a avaliação dos Professores. Recomendou isto.
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A lei, no que respeita à avaliação dos Professores contratados, diz o seguinte:
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Artigo 28.º
Avaliação dos docentes em regime de contrato
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2 — A avaliação do pessoal referido no número anterior (contratados) que tenha prestado serviço docente efectivo, em qualquer das modalidades de contrato, entre, pelo menos, 120 dias e seis meses consecutivos no mesmo agrupamento de escolas ou escola não agrupada, pode realizar -se por decisão do respectivo órgão de direcção executiva, se necessário por meio de um procedimento simplificado, de acordo com as orientações que forem emitidas pelo conselho científico para a avaliação de professores.
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Voltando ali, constata-se: a referida pessoa esqueceu-se destes Professores. Porque não fico surpreendido?
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Outra gira: o ME (Ministério da Educação) deixou cair os prazos, que foram contestados nos Tribunais Administrativos. O povão (leia-se: sindicatos e distraídos) gritou vitória. O ME tratou de os sossegar. Agora, a responsabilidade de cumprir com esses prazos é SÓ da Escola. Mas, para não haver dúvidas, o ME lançou esta preciosidade, numa instrução (?) já publicada:
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1. A fixação interna dos referidos prazos está sujeita a decisão fundamentada da direcção executiva, após parecer do conselho pedagógico.
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2. A fixação interna dos referidos prazos não pode pôr em causa o cumprimento das restantes regras do novo regime de avaliação do desempenho do pessoal docente, nomeadamente, direitos, deveres, periodicidade e calendarização.
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3. Os professores contratados serão avaliados antes do final do presente ano lectivo, e a sua classificação incidirá sobre o ano lectivo de 2007/2008.
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4. Os professores dos quadros serão avaliados até final do ano civil de 2009, e a sua classificação incidirá sobre os anos lectivos de 2007/2008 e 2008/2009.
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5. Na contabilização da observação de aulas dos professores dos quadros objecto de avaliação até ao final de 2009, as 5 observações de aulas (2 do presente ano lectivo e 3 do próximo ano) terão que estar realizadas até ao final do ano lectivo de 2008/2009, de acordo com o referido em 1.
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6. As escolas devem informar o Ministério da Educação, através da Direcção-Geral dos Recursos Humanos da Educação, dos prazos internamente decididos.
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A Direcção Executiva decide (os outros órgãos de gestão da Escola devem ficar sentadinhos, caladinhos, paradinhos);
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As Escolas devem informar o ME, pela DGRHE, dos prazos que decidiu (ah George Orwell, como tu sabias ...);
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Agora, a pequena cereja (se calhar, porque começam a perceber não ser possível determinar o impossível):
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... (2 do presente ano lectivo e 3 do próximo ano) terão que estar realizadas até ao final do ano lectivo de 2008/2009, de acordo com o referido em 1.
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Reparem bem: 2 do presente ano lectivo e 3 do próximo. É uma questão linguística, gramatical, frásica, sei lá! Se estivesse escrito 2 no presente ano lectivo e 3 no próximo, tinham que ser as 2 este ano lectivo e as 3 no próximo. Como se usou a partícula do, já podem ser todas no próximo. Ou não? Estão a ver, como isto se destina a Professores, e todos devem dominar a língua materna, o autor da instrução (?) elaborou-a com esta minúcia. Ora, nós conseguimos descobrir ATÉ esta coisinha. Ou o nosso desejo de a descobrir é mais forte que a realidade? Dúvidas, dúvidas.
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quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

Lição 500

Se, um dia, vierem os japoneses, os indianos ou os chineses que, pegando no modelo ocidental de Taylor, de Ford e de Gates, o levaram aos píncaros (produtividade, eficiência, eficácia e método de «extracção»), então iremos todos presos para casa. Com efeito, que dizer de um jovem que, com 18 anos, em Porugal, instruendo de um Escola de Condução, hoje, não sabe quantas horas são 500 tempos de 45 minutos? E agora pergunto eu: e se esta que4stão-matemática for colocada a determinados políticos, logo ali, à saída dos gabinetes ou à entrada dos veículos-motorizados-do-Estado-com-motorista? Estagiário-jornalista não deve tentar (perde o emprego e estraga o estágio), mas um veterano, apressadinho a largar tudo para tratar das macieiras bravo de esmolfe, ah, sim, esse pode fazer a pergunta, com máquina de filmar e microfone profissionais por perto.

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

Cartas ao Papa

«Não passarei por este exercício governamental sem instituir um sistema de avaliação de professores», declarou José Sócrates aos jornalistas no final do debate quinzenal na Assembleia da República.
Ao longo do debate, os critérios do novo sistema de avaliação dos professores foram contestados por todas as forças da oposição, sobretudo pelo presidente do CDS, Paulo Portas.
José Sócrates lamentou essas críticas da oposição e contrapôs que «os portugueses precisam de saber que há mais de 30 anos que não há um sistema de avaliação dos professores».
«Essa situação não pode continuar. A existência de um sistema de avaliação é fundamental para o país, desde logo para fazer justiça aos professores«, sustentou.
Na perspectiva do primeiro-ministro, a entrada em vigor de um sistema de avaliação »é a melhor garantia que se pode dar às famílias, aos alunos e aos professores, porque o mérito será premiado».
Diário Digital, 13.2.08
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Umas perguntas ocorrem:
1. Que andaram a fazer os centros de formação, de avaliação, bem como as estruturas, acima dos professores do ensino básico e secundário (operacionais), instâncias que se encarregaram, durante pelo menos uma década, de dar vazão a dinheiros CEE e que validaram tantas, tantas unidades de crédito, de um modo geral necessárias para se mudar de escalão, tudo dentro da lei da assembleia da república e da legislação dos Governos do bloco central e em geral dos partidos do arco do poder? Se houve embuste, foi com a conivência dos poderes instituídos e com a colaboração de grandes cátedras, no público, no cooperativo e no privado – então é justo que a Europa reclame, peça contas das verbas dispendidas e nos coloque a todos no banco dos réus.
2. Desde 1975 que faço formação, paga por mim (gastei mais de mil contos, só de uma empreitada), e também paga pelo Estado, em empresa, em escola pública e em escola privada, ou então dada por carolas-professores-dos-bons – para que serviu? Grande parte dela estava absolutamente certificada e foi dada muito direccionada para o ensino especificamente entendido.
3. Como foi possível haver durante tantos anos tanto escalão de carreira docente, aos olhos de todos, tudo direitinho, sem ninguém do alto do poder protestar dizendo: isto é uma burla? Só agora é que temos inteligência sufragada, em Portugal?

4. Como acreditar que os professores são os principais culpados do actual estado de coisas? Talvez sejam, sim, mas por terem falhado, como muitos que conheço, o sentido do voto.
5. Como acreditar que a senha demolidora do edifício, ou palhota, que se foi erguendo em 30 anos vem pela mão de professores e até talvez de gente que em tempos andou próxima de sindicatos?

TUDO ISTO É, PARA NÓS, OS MAIS VELHOS NO SISTEMA, MUITO CLARO (OU MUITO SUJO).

Viver é saber viver, acordar fresco todas as madrugadas (na Guerra Civil é bem pior). E é também mexer o dedo grande do pé.

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

Que andam a fazer os professores em Timor?

A esta hora estão recolhidos, é certo. É bem provável que o testemunho de muitos deles ajudasse o povo português a compreender melhor toda a salgalhada e, também lá, o destino de rios de dinheiro derramados pela comunidade europeia e pela comunidade internacional mais geral.
A Indonésia é o maior país muçulmano do mundo.
Alfredo-ontem quis imitar Alfredo-há-cem-anos que chegou há dias ao monte Ramelau, via satélite? Ambos carregaram a cruz, o signo «REINADO».
Tudo isto é, evidentemente, de muita carga subjectiva e, portanto, de muito pouco valor histórico-sociológico - mas é «algo» que me acorre, agora, hoje.

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008

Proposta de lei para a gestão das Escolas Públicas

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Termina 6ª feira a discussão pública desta proposta. O prazo foi alargado para permitir à CONFAP (Confederação Nacional das Associações de Pais) e ao CNE (Conselho Nacional da Educação) emitirem pareceres.
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Entretanto, muitos pareceres e simples opiniões foram produzidos. Instituições, técnicos e simples actores não se coibíram de participar nesta discussão. Participei num debate, organizado pelo CFEG (Centro de Formação das Escolas de Gondomar) e enviei a minha opinião ao ME (Ministério da Educação).
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Um facto e um boato estão a perturbar-me, agora que são conhecidos muitos dos pareceres emitidos, quase todos muito críticos face à proposta apresentada pelo ME.
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O facto:
O Secretário de Estado Adjunto e da Educação, Jorge Pedreira, afirmou, recentemente, que a iniciativa do governo era para avançar, por muito que a criticassem;
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O boato:
Diz-se, por aí (gosto desta forma de dizer as coisas), que o parecer mais arrasador para a proposta do ME será o do CNE, a ser publicado amanhã. É tão negativo que aconselha o governo a manter a lei anterior (DL 115-a/98), ajustando-a e melhorando-a, não subscrevendo uma nova lei.
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Decidir contra os Professores, é uma prática habitual da Sra. Ministra. Decidir contra os técnicos é recorrente, também. Decidir sem querer saber de ninguém, não deixa de ser normal. Agora decidir contra as instituições que criou (Conselho das Escolas) ou que existem para a aconselhar (CNE) será uma novidade. Será que, para atingir o que pretende, será capaz de se colocar contra TODOS?
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terça-feira, 5 de fevereiro de 2008

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2008

domingo, 3 de fevereiro de 2008

Produtivo

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300 despachos numa madrugada
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Enquanto ministro do Turismo, o deputado do CDS-PP Telmo Correia assinou cerca de 300 despachos na madrugada do dia em que o novo Governo, liderado por José Sócrates, foi empossado, informa hoje o Público.
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Já tenho assinado alguns despachos, mas não com a mesma importância, estou certo. Aliás, não só assino como os elaboro.
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Ao ler a notícia, pratiquei um pouco a assinatura de despachos. Se não os fizermos e não nos preocuparmos a ler o seu conteúdo, conseguimos assinar 300 e até mais do que isso. Também depende da madrugada, quando começa e quando acaba. Se a tomada de posse ocorreu ao fim do dia, a madrugada podia ter sido algo falsa, por se ter prolongado pelo dia fora.
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Assinar despachos não é uma tarefa qualquer. Consiste em assinar um documento que se pretende venha a despachar um ou muitos assuntos (espero, sinceramente, que não se trate de pessoas). Resulta da nossa (do que assina os despachos) vontade em fazer acontecer algo, e depressinha. Se passamos um ou dois meses sem despachar, as coisas ficaram paradas e isso é o oposto de serem despachadas. Logo, na primeira oportunidade, devemos despacharmo-nos, despachando.
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Assim sendo, não vejo qual é a admiração. Ou andou uns meses a elaborar despachos (não ligados ao oculto, esta é mais uma esperança que tenho), não os assinando enquanto os fazia, ou tinha outro(s) a fazê-los, de acordo com as suas instruções ou com total liberdade ou, nessa madrugada, uma equipa ia elaborando os despachos e o ministro só ia assinando, conforme lhos colocavam à frente. Se tinha sido ele a fazê-los antes, assinou nessa noite para não deixar trabalho para o seu substituto.
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Uma coisa é certa. Para despachar tão bem (e bom seria que as empresas de transporte de mercadorias aprendessem como se trabalha nesse ramo), em tão pouco tempo (se, se), nem sequer leu o que assinava. Este facto demonstra a boa-fé do então ministro. Para ter a certeza que as coisas se despachavam mesmo (parece que o actual ministro do Turismo, se existe, que este governo só tem um protagonista e os ministros só atrapalham, o actual ministro, dizia eu, pouco ou nada despacha), despachou ele nessa madrugada 300, assinando de cruz. E não o fez nada mal, se a única coisa estranha resultou na entrega, a um casino, do edifício onde esse casino está instalado, que pertencia ao Estado. 0,33 por cento de erros tem que ser considerado bom trabalho.
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Em tempo: parece que ainda ninguém apreciou os outros despachos assinados. Isto abala a minha análise, mas não destrói, desde logo, o resultado a que cheguei. Quem disse que há (muitos) mais erros? E se houver, como podem ser considerados erros graves, se não houve tempo para ler os despachos? Isso não conta? O problema dos portugueses reside na pressa em condenar o outro, sobretudo quando é uma pessoa pública. Onde já se viu? Só aqui ...
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Também gostei da piada da semana: o secretário de estado do desporto manifestou surpresa e indignação ao constatar que os ginásios não baixaram os preços, em função da decisão do governo em reduzir a carga fiscal aplicada aos serviços prestados nesses locais. Como se isso fosse uma surpresa. Como se não soubéssemos como são os nossos empresários!
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Resolva lá isso, caro governante: aumente outra vez esses impostos, que os donos dos ginásios estão mortinhos por ter uma razão para aumentar os preços, coisa que já não fazem desde o ano passado. Desde Dezembro de 2007. Uma eternidade.
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Belo país, com gente cheiinha de boas intenções. No governo e fora dele. Só eu é que não me consigo governar. O que prova que tenho razão na apreciação que faço da minha pessoa. Sou um amigo do Shrek, palavroso e que não usa botas! Segundo uma pessoa que me é próxima, tenha lugar assegurado numa das forças policiais portuguesas, que só tem disso nas suas fileiras!
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