sábado, 17 de março de 2007

Perspectivas 3



Termino, com esta publicação, a análise que venho fazendo da entrevista dada pela Sra. Ministra da Educação ao Ensino Magazine on-line. O restante conteúdo é interessante http://www.rvj.pt/ensino/entrevista.html, mas torna-se cansativo insistir no comentário, em função do meio que utilizo e do tempo que gasto.

Ao nível do Secundário, em que sentido é que o Ministério continuará a impulsionar a diversificação das ofertas formativas?


O alargamento das ofertas formativas de carácter vocacional ou profissional é algo que tem de continuar e de se consolidar. Por isso vamos dar melhores condições às escolas, para que possam fazer esse trabalho. Vamos também ajustar a reforma do Secundário, melhorando planos e currículos.

Ao nível do Básico, o que está previsto em termos de alterações?


Vamos continuar a consolidar o trabalho que está a ser feito ao nível da melhoria das condições de ensino e de aprendizagem. Temos, por exemplo, o Plano Nacional e Leitura e o Plano de Acção para a Matemática. São planos a três ou quatro anos, pelo que é necessário ter persistência e paciência para continuar a estimular as escolas no sentido de adoptarem boas práticas neste domínio. Depois, o 1º Ciclo necessita de muita atenção do Ministério, mas também de autarquias e pais. Precisamos garantir que o enriquecimento curricular, a escola a tempo inteiro, a melhoria das práticas lectivas para a aquisição das competências básicas, são programas ganhos.

Pretende-se perceber que linhas estratégicas estão desenhadas para a Educação, por parte da tutela. O que constato é a existência de vontade em intervir, sem estar divulgada a opção de fundo. Não compreendo porque se não debate essa ideia (que creio existir) para a Educação do futuro próximo.
Dois reparos e um texto já publicado traduzem a forma de análise que encontro, neste momento e para esta temática:

1º - O Plano de Acção para a Matemática é um mecanismo interessante, útil e adequado, que enferma de um (pré)conceito pouco feliz: considera que a realidade de que se parte, em cada ano lectivo, é a mesma do ano lectivo anterior e, por conseguinte, esperam-se resultados melhores (são os chamados planos de melhoria …).
Ora, quando todos os Alunos que beneficiam do PAM (o referido Plano de Acção para a Matemática) forem Alunos que, no passado, beneficiaram dele ou de outro do mesmo género, isso poderá ser possível. Neste momento, não.
Considerem esta situação: os Alunos que entraram no 7º ano podem melhorar resultados se, primeiro, tiverem competências idênticas aos que nesse ano andaram em 2005/06 (e todos sabemos que isso não é verdade. Tirando grupos especiais em cada geração, os Alunos, ano após ano, estão cada vez piores em termos de competências básicas) e, segundo, se beneficiaram, no 6º ano, do PAM (ou outro qualquer plano. Também aqui sabemos que isso não acontece, porque este é o ano um do referido Plano). Assim sendo, TENHAM TODOS PACIÊNCIA, S.F.F..

2º - O Plano Nacional de Leitura, a Escola a Tempo Inteiro e o Enriquecimento Curricular são, também eles e quando apreciados por si só, meritórios, mesmo muito meritórios, mas são medidas avulsas que se perdem – ou podem perder – por se suportarem numa realidade desajustada.
É tempo de intervir no essencial. No Currículo. Na Organização da Escola. Nos Agentes Educativos, de forma positiva. É este cenário que não vislumbro, nem vislumbrava em Dezembro passado.



Texto publicado em 16/12/06, no Debate Nacional sobre Educação




na área das Escolas, Professores e outros Profissionais, na resposta à questão




3.3. Que organização escolar poderá melhorar o processo educativo?

Já que estamos a mexer, não deixemos fugir a oportunidade - mudemos o que mais importa.


12 anos de escolaridade obrigatória ou estar na escola até (pelo menos) os 18 anos. No final, ou certificado de aproveitamento, ou de frequência, mas todos ficam com a escolaridade obrigatória concluída.


Dos 12, 6 anos de escolaridade básica, que todos devem concluir com aproveitamento (sem o básico feito, não há carta de condução, não há subsídio, não há ...). Os restantes 6, escolaridade complementar, de formação pessoal, social e profissional (esta começa aos 13 anos/7º ano de escolaridade, e intensifica-se para aqueles que não conseguem progredir no currículo dito normal).


Desta forma, os que não tiverem competências (no fundo, os que não são capazes ou não dispõem de oportunidade) sairão da escola, aos 18 anos, como técnicos de uma área profissional. Para estes, ensino nocturno modular, RVCC, Cursos Profissionais remunerados - e só para estes. Os restantes devem investir na prossecução dos estudos.


30 horas (no máximo) de aprendizagens - só da parte da manhã. De tarde, até 3 horas de actividades de integração, socialização, desenvolvimento pessoal, recuperação, currículo oculto, chamem-lhe o que quiserem.


Os Professores trabalham, todos, 3h a 4h de manhã, 1h a 2h de tarde, num total de 25h semanais.


Currículos alterados visando a aplicabilidade à vida activa. E chega!

1 comentário:

Anónimo disse...

O dr. Marques Mendes vai mais longe que tu, arrisca - aqui sim - a cabeça dele. Com efeito, propor vencimentos diferenciados de escola para escola, assim como programas, cargas, etc, como hoje formalmente o fez, estaria bem se fosse dito por um pedagogo da envergadura de um Leonardo Coimbra, de um Agostinho da Silva, de um Paulo Freire, de um Sérgio Niza, de um António Nóvoa - de um Justino de Magalhães, de um Alberto Filipe Araújo ou de um Alte da Veiga, talvez, tb. - agora, da boca de um político profissional, sem ninguémm por ali a corroborar (Daniel Sampaio não), não vale nada, digo(emendo), vale o que vale. Tempos que correm...
SC