sábado, 22 de novembro de 2008

Outra maldade

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Há muito que entendi ser vontade da tutela avaliar os Presidentes dos Conselhos Executivos através do SIADAP (Sistema Integrado de Avaliação da Administração Pública). Claro indício estava contido na proposta apresentada para o novo diploma da gestão das Escolas, que previa a impossibilidade do Director dar aulas. Mais tarde, aquando da publicação do diploma, essa impossibilidade foi retirada, creio que fruto das reacções dos diversos intervenientes na discussão pública do diploma.
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Também não me surpreende muito essa vontade. Nem sei se haverá outra qualquer hipótese viável, para além da adaptação deste modelo de avaliação do desempenho dos Professores, que tanta polémica criou (cria). Confesso que nunca pensei seriamente no assunto. Havia tempo.
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Mas tomar conhecimento "oficial" dessa decisão pelo dirigente sindical Mário Nogueira, através da imprensa escrita e falada, é inqualificável. Mesmo que, posteriormente, tenha vindo a público um "esclarecimento", com este espantoso conteúdo:
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ME esclarece avaliação dos membros dos conselhos executivos
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O Ministério da Educação esclarece, no seguimento de afirmações alarmistas do secretário-geral da Fenprof, que está a ser ponderada a adaptação do sistema de avaliação dos dirigentes da Administração Pública aos membros dos órgãos de gestão dos agrupamentos de escolas e de escolas não agrupadas.
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Oportunamente, os próprios membros dos conselhos executivos serão ouvidos sobre o assunto.
Lisboa, 21 de Novembro de 2008.
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O GABINETE DE COMUNICAÇÃO
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Reparem bem: as afirmações de Mário Nogueira são alarmistas; o Ministério da Educação está a ponderar a adaptação do SIADAP aos membros dos órgãos de gestão das Escolas; e os membros dos Conselhos Executivos serão ouvidos, oportunamente.
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Registo três conceitos que, julgando conhecer, descobri que desconheço em absoluto: alarmistas, SIADAP para PCEs e, sobretudo, oportunamente.
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Concluo: dar a conhecer esta vontade a um sindicalista, antes de o dizer aos Presidentes dos Conselhos Executivos (com quem a Ministra reuniu nestes últimos dias) ou ao Conselho das Escolas (órgão que a própria Ministra criou para ouvir os Presidentes dos Conselhos Executivos) é uma forma (peculiar) de divulgar esta decisão, que eu me atreveria a apelidar de afronta para com quem tem tentado concretizar as suas políticas.
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Isto acontece na sequência, aliás, das considerações que vem fazendo (ela e os seus secretários de estado) que atiram toda a responsabilidade decorrente dos erros de governação para as Escolas (o problema das faltas no novo estatuto dos Alunos, a burocracia e complexidade do modelo de avaliação, as ilegalidades na distribuição de serviço docente, a culpa da existência aplicação do DGRHE para recolha dos objectivos indidividuais, entre outros).
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Mas haverá sempre a possibilidade de eu não entender muito bem o que quer dizer afronta ou responsabilidade. Parece que há diferentes entendimentos lá para os lados da capital ...
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