sábado, 1 de novembro de 2008

Capitalismo selvagem. Assim mesmo.

.
.
Fernando Pinto, administrador da TAP, decidiu cortar 10% nos vencimentos dos administradores da empresa (diz-se, por aí, que assim foi. Vendo ao preço que comprei).
.
Há uns anos, tendo aterrado para iniciar funções, também em período negro da transportadora, (falava-se mesmo na venda ao desbarato e aos privados, como única solução) convenceu todos, sobretudo os trabalhadores, que era fundamental fazer sacrifícios para assegurar o futuro. Nessa altura, como agora, não procurou o caminho mais óbvio e simples, despedindo pessoas. Reorganizou, incentivou, clarificou projecções e conseguiu uma coisa, há data, impensável: recuperou financeiramente a empresa e conseguiu uma série de anos com resultados positivos.
.
Julgo que os sindicatos e os trabalhadores da empresa foram, nessa altura, muito inteligentes, apoiando-o.
.
Tudo se fez para destruir o trabalho que desenvolveu. Colocaram políticos incompetentes a mandar na empresa (mais uma vez, sem certezas, julgo ter sido Mexia que impediu as funestas consequências de tais actos, contra a vontade dos seus pares, ao repor a autoridade de Fernando Pinto), criaram-lhe dificuldades gratuitas (reduzindo-lhe o vencimento, suportados num moralismo popularucho) e nunca reconhecendo os méritos que, indubitavelmente, detém.
.
Não sei quanto tempo vai demorar a dar a volta aos problemas da TAP. Sei que, se o deixarem, o vai fazer, disso tenho uma certeza que roça a fé. Também sei que a medida tomada (os menos 10% nos vencimentos dos administradores, também no seu) de pouco valerá para a solução imediata ou recuperação futura. Mas mostra que, se tivermos cuidado na escolha, se os méritos forem considerados, o capitalismo que vivemos (incomoda, a palavra, até chega a doer, mas é mesmo assim, Dr. Barroso) poderá ser um pouquinho menos selvagem.
.
Porque são poucos, os capitalistas que não são selvagens. Basta analisar os lucros da Banca, nesta fase de crise (sem dinheiro, lucram selvaticamente), das petrolíferas, das gasolineiras, sempre lestas a aumentar o preço e caracoleando a sua descida, sem cuidar de atender às "leis" do mercado. As únicas, das que conheço, que não se respeitam a si mesmas. Por isso, e por falta de alternativa real, é tempo de investir nas pessoas. Em algumas pessoas. Se assim não for ...
.
.

Sem comentários: