sábado, 29 de dezembro de 2007

José Fernando Dias da Silva

«A ideia de que somos livres funda-se no suposto de que, ao decidir, decidimos por vontade livre ainda que condicionados por factores (d)e ordem interna e/ou externa. Embora integrados na Natureza, distanciamo-nos dela, ao contrário, aliás, do que sucede com as demais criaturas que, limitadas ao equipamento genético, não se distinguem do mundo que é o seu. Enquanto o animal é uma sinfonia completa, o Homem é uma sinfonia incompleta: faz-se, humaniza-se, diviniza-se.

Neste processo entronca o mistério da Fé que, enquanto dom de Deus, merece uma resposta livre e séria de quem é concedido. O crente é aquele que vence a dúvida e, se acredita, está certo em acreditar. Porque optou pelo credo, faz dele o paradigma da vida pessoal e intersubjectiva. A questão maior reside em saber se a Fé se pode inserir na racionalidade e perceber o que acontece à razão quando se enquadra a Fé.

A experiência religiosa assemelha-se à experiência estética: a fusão do sensível e do inteligível. Para os cristãos, tornar-se humano é a vocação do próprio Deus: o Deus humanado (sic), para reunir todos os homens de boa vontade. Se o encontro com o Ressuscitado é o desencontro com os ditames da «razão» a integração de Deus no horizonte da história é escândalo da eternidade que se faz humana. Isso é o Natal! ».



Estes são fragmentos (de texto) que o Zé Fernando publicou em O Forjanense, em Dezembro de 2003; em Maio seguinte viria a deixar este mundo, já sem ter a oportunidade de assistir à festa que foi o Euro 2004. Sabemos nós lá se ele agora estará em festa (noutra dimensão, evidentemente). Que assim possa ser. Neste Natal. Neste fim de Ano de 2007.

2 comentários:

Anónimo disse...

Saudades, agora conheço melhor o conceito.
Boss

mesjag disse...

Está em festa, de certeza!