domingo, 11 de novembro de 2007

Acompanhando dois amigos

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Tenho, no Carvalho antigo, publicado alguns textos sobre liderança de Escolas, num exercício de colocação e antecipação, face ao que julgo ter que vir a fazer no futuro imediato.
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Com isso, e com a produção de ficção literária que vou construindo no novo Carvalho, sobra pouco tempo para me dedicar a esta coisa da cidadania, ou seja, a este cantinho.
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Vão valendos os dois amigos que aqui vão "enchendo" o sítio com qualificadas e actuais visões do mundo, senão todo, pelo menos da Educação.
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Esta última, da autoria do pandacruel, é demasiado tentadora para me ficar pelo comentário. Sei que será tratada em profundidade, nos próximos tempos, que as promessas que faz não são esquecidas. Mas tenho que dizer algo que mexe comigo e com as funções que desempenho (um pouco deslocadas, diga-se desde já, se considerarmos a docência o centro de tudo o que interessa).
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Diz, e muito bem, que ora se pretende, entre outras coisas - que o aparente começar no B) não é acidental - a redução das taxas de abandono escolar, tendo em conta o contexto sócioeducativo.
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Este é um desiderato que reputo estranho, para a Escola e para os Professores. Seria compreensível, logo aceitável, se este fenómeno, que se pretende combater, fosse da responsabilidade da instituição ou dos seus docentes. Que estes e aquela originassem o referido fenómeno ou, se assim não fosse, o condicionassem.
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Tenho estudado, de forma intensa e profunda, o assunto. Procuro conhecer a realidade, desde os números (muito amigos do mesjag), passando pelas razões (idem, para o pandacruel) e desembocando nas soluções.
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Com um deles discuti várias vezes o papel da Escola, com o outro implementei acções concretas.
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Aceito, como dado adquirido, que o rigor e a intolerância são produtores de abandono e exclusão.
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Do primeiro, não encontro alternativa, para a segunda não me resta paciência - devemos erradicá-la ou, se isso não for possível, pelo menos atenuar os seus efeitos. O rigor é uma exigência profissional e cívica. A intolerância é uma adversidade a resolver.
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É claro que o insucesso também contribui para o abandono e para a exclusão - sobretudo se repetido, se edificador de "decalage" etária, se decorrente de outro centro educativo que não o Aluno. E isso também acontece, com mais frequência do que gostaríamos de reconhecer.
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Mas o que é notório, para mim, enquanto responsável por Escolas (o plural não é acidente), centra-se na responsabilidade da família, nesse campo. Do Pai ou Encarregado de Educação, do irmão ou irmã, do tio, primo, avô, seja quem for que esteja perto do jovem.
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Quando o Professor, Director de Turma ou outro, se preocupa com o Aluno, procurando, junto dele e da sua família, que resista à tentação sedutora da saída precoce, da fuga, do abandono do futuro a construir, pouca ajuda recebe, na maior parte dos casos. E quando a Instituição o acompanha nessa tarefa, é frustrante confirmar esse baixar dos braços colectivo.
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Tenho que dizê-lo, que o afirmar, gritá-lo, se preciso for: o abandono e a exclusão escolar nunca diminuirão, de forma sensível (que é o que todos pretendemos) se a família de quem está em risco de sair (Encarregado de Educação e outros) não mudar de atitude - e são os familiares destes Alunos que assumem a pior atitude possível face à Escola!
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Querem saber qual é essa atitude, que impede qualquer alteração nos resultados? É não ser Pai ou Mãe, é deixar na mão (neste caso, na vontade) do jovem, a decisão, é abdicar da responsabilidade parental. Nem sequer tem a ver com moderna forma de assumir o papel, passando a "amigo" do filho. Não vai tão longe, não. Fica-se mesmo pelo encolher de ombros e pela frase já consagrada "o Senhor Professor sabe, ele quer assim, é melhor fazermos como ele quer, não vale a pena insistir ...".
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4 comentários:

Eu disse...

"Pois é ...tem mesmo que ser assim, sr. professor...caso contrário...chega a casa e bate em mim e no pai...tadinho!!!"

pandacruel disse...

Tirei os itens de uma ficha de avaliação de professores que me chegou e que é tida como modelo oficial a vigorar - excepto o erro ortográfico que me caiu ao teclar.

Anónimo disse...

é certo que os pais de hoje se demitem da sua principal funçao,ou seja educar. mas pergunto eu, no contexto socio-educativo em que nos inserimos o professor nao tem tambem um papel de educador social? sera o professor apenas um "debitador" de materia?

Anónimo disse...

Às perguntas, pertinentes, supra apresentadas, respondo, por ordem: Tem. Não é.
Mas a questão central está na oportunidade. Se o Aluno é absentista, se não está, se não se tem, junto dele, a possibilidade de actuar, que papel se pode desempenhar? Infelizmente, nenhum. E temo que a coisa se complique, com esta questão das faltas dos Alunos ... temo mesmo muito.