quarta-feira, 28 de novembro de 2007

executive digest

Foi Fayol (1841 – 1925) que colocou a gestão no centro das atenções. Se Taylor castrava, de certo modo, o trabalhador, Fayol, ao identificar seis grupos de actividades – técnicas, comerciais, financeiras, de segurança, de contabilidade e de gestão – abre para camadas em que a emoção pode preencher espaço, sendo que «gerir é prever e planear, organizar, dar ordens, coordenar e controlar» (e gerir estende-se por aquelas áreas).

Para Drucker (nasce em 1909) - que acentua a ideia de privatização e é ultrapassado nisso, rapidamente, pelos executores dessa ideia - o trabalhador qualificado é o que atinge o ponto em que reconhece que depende da empresa mas também que esta depende dele. Isto, só por si, deveria levar o sistema (capitalista) a mudar de vida, ou pelo menos de maneiras.

A FedEx inicia a actividade em 1971 (como este escriba) sob o lema da garantia da distribuição durante a noite ( serviço de transporte aéreo). O seu fundador, o ex-marine que no Vietname combateu pelo sul-ido-do-norte, pretende fazer algo de bom pelo mundo e por si, «depois de ter feito tantas asneiras na vida». Confiança com um sorriso no rosto, diz esse que já viu a morte.

A HBS (Harvard Business School) foi fundada em 1908 (ano do regicídio em Lisboa) e é a primeira marca em escolas de negócios no mundo, já que as três letrinhas associadas a outras três – MBA – acrescentaram, durante muito tempo, um zero à direita na folha de vencimentos de quem por lá passou, mesmo que Drucker vá dizer que nessa escola se combina «o pior da arrogância académica alemã com os piores hábitos seminaristas religiosos americanos».

Nas cervejas há nomes sonantes que, todavia, tiveram de alterar sabores para satisfazer públicos mais alargados, como foi o caso da holandesa heineken para se ver entrar nos pubs ingleses (o caso interessante da melhor cerveja portuguesa, a Tagus, anda agora na berra com o aceno ao público hetero, ao que chegamos).

O debate sobre o conceito de estratégia ganha novo fôlego em Competing for the Future, de Hamel e Prahalad. Partindo do reconhecimento de coletes de forças estreitos e limitadores em que o tema se vem enredando, estes autores sugerem o termo strategizing, remetendo para o equacionamento das pré-condições e exigindo competências nucleares (core competencies) que se hão-de ter de sujeitar, NOS TEMPOS QUE CORREM, a duas fronteiras: a dos arqui-racionalistas que acenam permanentemente com dados e a dos que advogam o prosperar no caos em permanente festa.

(um parêntesis: em Silicon Valley há cem fracassos para cada êxito, o que é muito bom, em investigação, e muito mau em rotinas instrucionistas, diga-se).

Enfim, para os autores do Competing for the Future há, ainda:

- a obsessão empresarial pela anorexia (downsizing);
- as maneiras estúpidas de crescer, assim como de diminuir;
- a vitalidade inflamada por crises;
- o repensar não apenas dos conteúdos mas também dos processos.
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Das Citações de Gestão retiro uma só, da página 196, alterando-lhe ligeiramente a forma, mas não o conteúdo:

Se os seus sonhos se pulverizam, então comece por ter à mão não uma pessoa mas tão só um aspirador._
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(agora, no Natal de 2007, enquanto se espera).

domingo, 25 de novembro de 2007

mais do mesmo

E – Relações com a comunidade

Há um moço (a) que é presidente de câmara, que era delfim do falecido, com experiência e grandeza de vistas: o caso tem de passar por aí. Não que a gente tenha de estar inscrita (à maneira de Gil, sim, sempre); há um moço (a) que se vem dedicando à gestão do desporto, que gosta de fazer da noite dia, um outro que tem um gancho voluntarista na escola dramática (artes cénicas e lazer) e ainda outro que vai por essas «capelas» coordenar (pensa ele), ver se está tudo em ordem (e não se ofereceu ao sis).
No campo da docência há gente que ainda está de pé e já vem do antes da democracia institucionalizada em 1974 (alguns, não todos, acham que só em 1976): para esses, ir com a água ao moinho já não é fácil. Não sabem de bonsai, tão pouco de bombeiro (sem corneta) e, em terra queimada (sempre a mesma coisa, este ano também no Outono), que avalie quem quiser, que eu vou ali e já volto.

SOL NO INVERNO FRESCO NO VERÃO: relaciono-me como vou podendo.
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B1 – Reduzo as taxas de abandono escolar do seguinte modo:

- Está lá? É a mãe do Saturnino? (as mães, as mulheres em geral, continuam a amparar mais que os pais).
- Sim, sou.
- (...).
- A sua filha está a faltar, mas já houve quem na visse por aí, hoje. (Gostam da escola).
- Sim?
- Já deu metade das faltas (a que tem direito), do início até ontem.
- Vou ver o que posso fazer. (O que posso fazer?). Se calhar tenho de deixar de ir trabalhar para a encaminhar para a escola e ir esperá-la à saída-
- Não se preocupa, faremos todos o que pudermos.
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B2 – Melhoro os resultados escolares dizendo na reunião do conselho de turma, humildemente:

- por favor, vamos ver bem isto, não são nossos filhos mas é como se fossem;

- qual é a percentagem daqueles que já têm mais de três repetências, desde que entraram para o 1º ano de escolaridade?

- quantos (as) estão a atingir a maioridade sem o diabo do 9º ano? Para que serve hoje o 9º ano, ou o nível II de aprendizagem? (para tirar a carta, os que nasceram a partir de 1990 a isso são obrigados, se a quiserem);

- há jovens que distribuem pão em veículo motorizado sem para isso estarem habilitados (conheço um que dá 60% desse pecúlio para a farmácia).

A REPÚBLICA DOS JUÍZES É UMA TRETA.
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D – Acções de formação. Ouvi bem? Esta´bem: Se rios de dinheiro já foram gastos, sob essa capa, então é chegada a hora de alguém ir, legitimamente ao nosso bolso (ou fazer estrondo com novos engodos).
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C – Participo na vida da escola do seguinte modo (metaforicamente, claro está):

- Boas Festas a todos (o bacalhau estava bom, o mesmo não posso dizer de cabritinho, que sou vegetariano; vegetariano? Sim , com a referida excepção, mais uma ou outra, de mil maneiras).

- Boa dança, bom cartaz.
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G – coordenação: aqui é que a porca torce o rabo. Com a vossa ajuda, iremos lá: mandem bibliografia para a caixa de comentários, ou indiquem o local (aviso já que não levo guarda costas nem vou armado - relacionar com o ponto E) onde a levantar, emprestada, por oito dias, que faço texto para postar aqui, a partir dessa base. Fico à espera (isto é que é falar sobre coordenar? Precisavas de levar mais, diz a encarregada de educação ali para os lados do Senhor de Matosinhos – e há um(a) Senhor(a), numa «capital», que assobia para o lado, tão longe, Nossa Senhora). Por outro lado, D. Januário falou bem e o grande Mário-fénix-Dom se lhe colou logicamente (todas as instituições precisam de gente assim).
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BOM NATAL PARA TODOS. Até 2008.

sábado, 24 de novembro de 2007

Grande Jacques (1470-1525)

Professores avaliam professores. Não podia ser de outra maneira. Não são os carpinteiros que vão dizer que os serralheiros são bons no ofício, se merecem o que ganham. É a entidade patronal?
Todavia – helas - podem ser os clientes que sabem (sem saberem) se a obra ficou bem feita, se o rendimento é bom, se o serviço não é caro, se está para durar (aí, a qualidade, ou falta dela, estende-se à entidade patronal).
Aliás, até os vizinhos se podem pronunciar (se incomodados ou vendo, de algum modo, o seu campo invadido).
De certa forma, o médico é avaliado pelos doentes, pelas famílias (do médico, se ele passa muito tempo a namorar dizendo que vai para a urgência; dos pacientes, se a intervenção se traduz em bons ganhos).
Também o agente funerário é sinteticamente avaliado (agora não sei, que andam aí os espanhóis a tomar conta do sector, colocando à cabeça o título de lojas, na vez de agências, o que é desagradável, pois nós, os mortos, já estávamos habituados), palavra a palavra (principalmente pelas que não disser), gesto a gesto (que o silêncio impera).
Até quem vende o corpo, de modo honrado ou ignóbil (depende do ponto de vista) é avaliado(a), quanto mais não seja por si próprio(a) (todos os dia vai a um escaninho da alma e diz de si para si: ainda sou eu?).
De maneiras que avaliar é o que se faz por aí sem parar, a palavra gastou-se de medíocre usança: do figurino mediocratas ainda nobre (limitação e equiparação de «chãos de horta»), passando por paus, cordas e pedras enquanto instrumentos de medida e marcos, ao golpe de mirada concisa, de tudo um pouco se foi fazendo constructo.
Ilustremos o que nos espera:

- Pá, quando acabarmos de almoçar, amanhã, caluda, vais ser avaliado (a).
- O. K. (zero killed), assim é, assim farei.

(no dia seguinte)

- V. Ex.cia está a submeter-se a uma prova que assenta em critérios previamente definidos e difundidos pelos interessados: deseja continuar?

(Nota do escriba: a resposta pode, naturalmente, ser sim ou não – todavia, a balança tende a 99 % para o lado do sim).

Produzir-se-ão três escalões, sendo o de baixo equivalente ao velho dez; ao suficiente corresponderá o bom ou o muito bom. Mais: se a escala for BOM, BOM COM DISTINÇÃO e MUITO BOM, como tem sido a prática no ensino superior, então, face à à «lei do funil», veremos muito distinto docente a marcar passo, ou melhor, a fazer o que sempre mais ou menos fez (é que não se fala em cátedras, mas em aperto, estrito senso).

Retrieved from "http://en.wikipedia.org/wiki/Jacques_de_la_Palice":



Messieurs, vous plaît-il d'ouïr
l'air du fameux La Palisse,
Il pourra vous réjouir
pourvu qu'il vous divertisse.
La Palisse eut peu de biens
pour soutenir sa naissance,
Mais il ne manqua de rien
tant qu'il fut dans l'abondance.
Il voyageait volontiers,
courant par tout le royaume,
Quand il était à Poitiers,
il n'était pas à Vendôme!
Il se plaisait en bateau
et, soit en paix soit en guerre,
Il allait toujours par eau
quand il n'allait pas par terre.
Il buvait tous les matins
du vin tiré de la tonne,
Pour manger chez les voisins
il s'y rendait en personne.
Il voulait aux bons repas
des mets exquis et forts tendres
Et faisait son mardi gras
toujours la veille des cendres.
Il brillait comme un soleil,
sa chevelure était blonde,
Il n'eût pas eu son pareil,
s'il eût été seul au monde.
Il eut des talents divers,
même on assure une chose:
Quand il écrivait en vers,
il n'écrivait pas en prose.
Il fut, à la vérité,
un danseur assez vulgaire,
Mais il n'eût pas mal chanté
s'il avait voulu se taire.
On raconte que jamais
il ne pouvait se résoudre
À charger ses pistolets
quand il n'avait pas de poudre.
Monsieur d'la Palisse est mort,
il est mort devant Pavie,
Un quart d'heure avant sa mort,
il était encore en vie.
Il fut par un triste sort
blessé d'une main cruelle,
On croit, puisqu'il en est mort,
que la plaie était mortelle.
Regretté de ses soldats,
il mourut digne d'envie,
Et le jour de son trépas
fut le dernier de sa vie.
Il mourut le vendredi,
le dernier jour de son âge,
S'il fût mort le samedi,
il eût vécu davantage.

Gentlemen, hear if you please
the song of famous La Palisse,
You may indeed enjoy it
as long as you find it fun.
La Palisse didn't have the means
to pay for his own birth,
But he did not lack anything
once his riches were plenty.
He was quite fond of travel,
going all over the kingdom,
When he was in Poitiers
You would not find him in Vendôme!
He enjoyed a boat ride
and, whether in peace or in war,
He would always go by water
when he didn't go by land.
He drank every morning
some wine from a barrel,
For eating at his neighbors
he would always go in person.
He preferred at good meals
his dishes to be tasty and tender
And always celebrated Shrove Tuesday
on the eve of Ash Wednesday.
He shone like a sun,
his hair was blonde,
He would have had no equals
had he been the only one.
He had diverse talents,
some even claimed this:
Whenever he wrote in verse,
he did not write in prose.
He was, to tell the truth
a rather mediocre dancer,
But he would not have sung so badly
if he had chosen to shut up.
They tell that he would never
have taken the decision
of loading his two pistols
when he had no ammunition.
Monsieur d'la Palisse is dead,
he died before Pavia,
A quarter hour before his death,
he was still quite alive.
He was by sorry fate
wounded by a cruel hand
Since he died of it, we fear
that the wound was a mortal one.
Lamented by his soldiers,
his death is to be envied,
And the day of his passing away
was the last day of his life.
He died on a Friday,
the last day of his age,
Had he died on the Saturday,
he would have lived longer.

sexta-feira, 23 de novembro de 2007

Efeitos do sucesso estatístico - Exemplo 2.

(in Jornal de Notícias, 23/11/2007)
http://jn.sapo.pt/2007/11/23/porto/vandalismo_escola_processo_a_cinco_a.html

«A jovem (...) afirmou que estava, com um grupo de amigos a "jogar ao túnel" (...) e que um deles "deu um cachaço a uma professora". "A professora deu-me um estalo e eu virei-me a ela e dei-lhe outro estalo", referiu a jovem, que sublinhou não se arrepender do seu acto e que ia apresentar queixa contra a docente. "(...) Fez ela muito bem e devia ter dado o dobro", referiu a mãe da aluna.»

quarta-feira, 21 de novembro de 2007

domingo, 18 de novembro de 2007

BomDiaCoisasDeCima

I - O bom professor, hoje, apresenta resultados, é cordato tanto na sala de aula como na sala de professores, dá-se bem com os funcionários e, quando tem de intervir (?!), fá-lo a partir de:

a) Uma prévia, ainda que sumária e instantânea, ponderação das consequências do seu agir;
b) Um acumular de tensões desfragmentadas que, na expansão, não abale a confiança que nele é depositada.

II - Participar na vida das escolas é vivenciar roupagens, na diacronia e na sincronia, com malha ora frouxa ora apertada, na submissão a olhares que enebriam e levam muitos a vender as varandas, outros a seguir o seu caminho sabendo que-que-que, outros e outras, ainda, a (não) terem pena de ser como são, em face do contexto em que lhes é dado exercer a profissão e do mundo em que lhes é dado serem bons sobreviventes.

III – Pequenas tempestades, em face de grandes martírios e de tragédias à antiga – oh, Felícia, fica sempre um espaço para a energumania te acusar de seres bela ou bruxa e, por uma caxa, dares tudo, naquele instante louco dos deuses – fazem dos poderes instituídos farrapinhos de cetim: que se há-de dizer quando, perante acusações tremendas na praça pública, a gente assobia e vai à vidinha, contempla o grassar não apenas do desemprego mas também do multifunções amigo e ao mesmo tempo inimigo do rei e da amante da rainha?

III – A avaliação daquele e daquela que, expondo-se, se gastam e se regeneram, passam à frente-por-vezes-de-lado e, agitando-se no milieu, saem do Rainha e vão logo direitos à Marquês, num tempo recuado em que os pais estiveram a beber canecos de geropiga e de cevada forte, recuados em home sweet home, a avaliação, ia dizendo, faz, também ela, de per si, toucinho do céu (de picos, urtigas cavalares, figos de palmeiras que só com lenço se deixam agarrar, vidro moído em estômago de cão que acabou de colocar às portas da morte o serviçal, e não de rosas, cravos com aroma, buganvílias e talvez ginkobilobas em dia balsâmico em que tocam campainhas quando tudo está, por assim dizer, acabado.

IV – Serviço é serviço, conhaque é conhaque – e saber que um tal Torcato Sepúlveda (grande nome) escreveu, em duas folhas do suplemento do JN de sábado, 17 de Novembro de 2007, um bom artigo sobre o que os franceses e os ingleses nos fizeram, há duzentos anos, iss não conta para avaliação? E gastar dinheiro do meu bolso a fotocopiar, andando num toyota, de dois lugares, novinho em folha, fornecido pela escola, com rede separadora entre o habitáculo de passageiros e a parte de trás (salvo seja) da carga nobre-porque-dada-a-ser-semeada, quase sem me alimentar a não ser das notícias já gelatinosas da tsf: nada disso conta? Que diabo, o bloquista é o melhor em setenta mil e, para além do mais, faz da terra lhana das bugas o seu recreio de eleição (estou magro).

V- Esta é para as moças fazerem, as que já são diplomadas.

VI – Este é para o mestre fazer (pode ser um analfabeto).

(Esta a primeira parte do B a G).

sexta-feira, 16 de novembro de 2007

especial zero

Enquanto não aqueço as baterias para o de B a G, e estando em Guimarães-Jazz, por assim dizer, depois de um borliu com a big band doa Ismae (não é da Maia), à espera das vinte e duas, lembro-me deste tema, com razão concreta o faço, não minha (o que é meu, dize-mo caixotinho de (en)comendador(a)?), mas de um espaço e de um tempo que me é dado, quatro-partes-de-dia-por-semana, as horas mandadas e mais o caminho, as distracções e os arrastamentos.

Há um propósito e uma conjugação de boas vontades no sentidos de colocar os meninos e as meninas que apresentam ou falhas e lentidões notórios, ou algum neurónio mal acomodado ou acomodado mesmo muito, ia dizendo, há a ideia, que vigora há décadas, de integração com base na igualdade de oportunidades e também, para alguns mais minoritários, o efeito colateral de activar uma espécie de abrir a tolerância dos «meninos-mamã-brancos», por assim dizer, rompendo o mito do estereótipo, do classe média que há-de ir para medicina (o pai e o avô ingressaram com 10 ou 11, numa escala de zero a vinte, e fizeram car(r)(t)eira, mas ele, o «branco-net(o)», terá de se alçar ao dezoito e meio, na mesma escala. E tudo isto a propósito de ensino especial.
Proponho, então, para o futuro:

A) Um ensino especial para as elites (gente que revela muito cedo qualidades - natas, inatas e constructas – para a música (já-que-aqui-estou, por exemplo uma Susana Silva), para a técnica e a arte da medicina, da arquitectura, da engenharia, da economia, enfim, da política e do futebol.

B) Um ensino especial para os que, à partida, se hão-de inclinar para trabalhos por conta própria: gente filha de padrinhos e, por outro lado gente bastarda, isto é, gente que dificilmente brilhará na passerelle (a menos que o conceito de beleza venha, um dia, a ser democratizado, o que a maior parte de nós não deseja)

C)Um ensino «normal» para muitos dos outros (haverá sempre alguns que atiram com a albarda em Penafiel, no dia 10 de Novembro – no feriado já é o day after).

Avaliai isto, comadres e compadres, em alqueires de milho e em canecas de americano proibido e, se quiserdes, subi na vida (na verdade, tendes sempre menos de um século para o fazerdes, não esquecendo que a unidade-base geo é dez elevado a seis anos de trezentos e sessenta e cinco dias). Somos pobrezinhos mas somos sobreviventes, por enquanto, o que nos deve – helas – alegrar.

domingo, 11 de novembro de 2007

Acompanhando dois amigos

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Tenho, no Carvalho antigo, publicado alguns textos sobre liderança de Escolas, num exercício de colocação e antecipação, face ao que julgo ter que vir a fazer no futuro imediato.
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Com isso, e com a produção de ficção literária que vou construindo no novo Carvalho, sobra pouco tempo para me dedicar a esta coisa da cidadania, ou seja, a este cantinho.
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Vão valendos os dois amigos que aqui vão "enchendo" o sítio com qualificadas e actuais visões do mundo, senão todo, pelo menos da Educação.
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Esta última, da autoria do pandacruel, é demasiado tentadora para me ficar pelo comentário. Sei que será tratada em profundidade, nos próximos tempos, que as promessas que faz não são esquecidas. Mas tenho que dizer algo que mexe comigo e com as funções que desempenho (um pouco deslocadas, diga-se desde já, se considerarmos a docência o centro de tudo o que interessa).
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Diz, e muito bem, que ora se pretende, entre outras coisas - que o aparente começar no B) não é acidental - a redução das taxas de abandono escolar, tendo em conta o contexto sócioeducativo.
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Este é um desiderato que reputo estranho, para a Escola e para os Professores. Seria compreensível, logo aceitável, se este fenómeno, que se pretende combater, fosse da responsabilidade da instituição ou dos seus docentes. Que estes e aquela originassem o referido fenómeno ou, se assim não fosse, o condicionassem.
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Tenho estudado, de forma intensa e profunda, o assunto. Procuro conhecer a realidade, desde os números (muito amigos do mesjag), passando pelas razões (idem, para o pandacruel) e desembocando nas soluções.
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Com um deles discuti várias vezes o papel da Escola, com o outro implementei acções concretas.
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Aceito, como dado adquirido, que o rigor e a intolerância são produtores de abandono e exclusão.
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Do primeiro, não encontro alternativa, para a segunda não me resta paciência - devemos erradicá-la ou, se isso não for possível, pelo menos atenuar os seus efeitos. O rigor é uma exigência profissional e cívica. A intolerância é uma adversidade a resolver.
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É claro que o insucesso também contribui para o abandono e para a exclusão - sobretudo se repetido, se edificador de "decalage" etária, se decorrente de outro centro educativo que não o Aluno. E isso também acontece, com mais frequência do que gostaríamos de reconhecer.
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Mas o que é notório, para mim, enquanto responsável por Escolas (o plural não é acidente), centra-se na responsabilidade da família, nesse campo. Do Pai ou Encarregado de Educação, do irmão ou irmã, do tio, primo, avô, seja quem for que esteja perto do jovem.
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Quando o Professor, Director de Turma ou outro, se preocupa com o Aluno, procurando, junto dele e da sua família, que resista à tentação sedutora da saída precoce, da fuga, do abandono do futuro a construir, pouca ajuda recebe, na maior parte dos casos. E quando a Instituição o acompanha nessa tarefa, é frustrante confirmar esse baixar dos braços colectivo.
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Tenho que dizê-lo, que o afirmar, gritá-lo, se preciso for: o abandono e a exclusão escolar nunca diminuirão, de forma sensível (que é o que todos pretendemos) se a família de quem está em risco de sair (Encarregado de Educação e outros) não mudar de atitude - e são os familiares destes Alunos que assumem a pior atitude possível face à Escola!
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Querem saber qual é essa atitude, que impede qualquer alteração nos resultados? É não ser Pai ou Mãe, é deixar na mão (neste caso, na vontade) do jovem, a decisão, é abdicar da responsabilidade parental. Nem sequer tem a ver com moderna forma de assumir o papel, passando a "amigo" do filho. Não vai tão longe, não. Fica-se mesmo pelo encolher de ombros e pela frase já consagrada "o Senhor Professor sabe, ele quer assim, é melhor fazermos como ele quer, não vale a pena insistir ...".
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balancear1

O ano de 2007 trouxe os professorem «à ordem», com novas exigências, aperto na carreira, rigor no trabalho. Importa perguntar:
Que ordem é esta? Quais os fundamentos? Os professores, se não trabalhavam o suficiente, era porque se regiam por leis anacrónicas, impostas pelas bases? O mau sucesso que atinge uma fatia substancial dos nossos jovens, na escola e na procura de emprego, tem como significativos responsáveis os professores, que não ensinam nem bem nem o suficiente? Ou já não se trata, apenas e no essencial, de ensinar e aprender?

Comecei em 1971. Pediram-me, ao assinar uma espécie de contrato, numa escola industrial, para cumprir um horário de 29 horas semanas, sendo seis ou sete pagas como extraordinárias. O trabalho burocrático era mínimo, no que ao docente dizia respeito. A palavra avaliação não era usada, muito menos abusada, em ambiente escolar. A velha classificação imperava, fazia estragos mas também dava alegrias.

Iniciei a actividade integrando logo um júri de exames de segunda época, com prova escrita e oral, ombreando (tão novo, eu) com um antigo director de colégio, que se havia mudado para o ensino público, o qual, dando-me os parabéns pelas perguntas que fizera na oral, insinuou, boamente, que devia ter sido mais exigente, ido mais longe.

O que é pedido hoje, além do que era costume, ou melhor, o que é destacado, como ganga extraída, estratégica ou apenas tacitamente, de um núcleo essencial e «eterno»?

B – Melhoria dos resultados escolares dos alunos e redução das taxas de abandono escolar tendo em conta o contexto sócioeducativo
C – Participação na vida do agrupamento/escola não agrupada
D – Participação em acções de formação contínua
E - Relação com a comunidade
F – Avaliação dos outros docentes
G – Coordenação do conselho de docentes ou do departamento curricular

Até ao Natal vou tentar alinhavar alguma coisa sobre cada um destes pontos.

Este texto é colocado em cartasaoportador.blogspot.com e em betaocomcompanhia.com (julgo que teclei bem), com os meus agradecimentos aos que, nesses sítios, me abriram a porta, depositando em mim uma dose de confiança que espero não vir a defraudar.

quinta-feira, 1 de novembro de 2007

O recuo do PS, a desautorização da Ministra!

Estatuto do aluno: PS recua e passa a admitir reprovação por excesso de faltas (in publico.pt - http://ultimahora.publico.clix.pt/noticia.aspx?id=1309424).

Já agora, façam mais um favor:
Discutam tudo outra vez! Deixem as estatísticas e preocupem-se com os fundamentos da formação de jovens, futuros cidadãos de um país que deve ter regras.