Hoje escrevo com tristeza!
Sinto o desalento e a frustração daquele que vê alguém percorrer um caminho errado e sabe que esse alguém não tem coragem para mudar de rumo a cada cruzamento que passa.
Esse alguém simboliza um país que, a cada passo, deixa para trás valores do passado, inebriado por ideias ocas de sucesso fútil que, ainda por cima, comprometem o futuro.
O desalento e a frustração são o sentimento do homem que, constantemente, se sente impotente para travar os arrepios de sabedoria daqueles que julgam saber do que nunca fizeram.
Falo daquela que será, a acontecer, a machadada mortal para algumas escolas públicas portuguesas.
Parece (é que estas coisas importantes sabem-se sempre primeiro pelos jornais!) que o novo estatuto do aluno vai resolver finalmente dois dos graves problemas da escolaridade obrigatória em Portugal: o absentismo e o abandono.
Como?
Muito fácil. O rapaz falta um tempinho e a gente dá-lhe um exame (não me perguntem quando é que o rapaz fará o exame, se calhar vamos a casa dele levar-lho!). Está tudo resolvido! Finalmente o sonho está realizado: já nem a falta de assiduidade pode causar a retenção. Toda a rapaziada passa de ano, acabaram os chumbos!
Seremos um país de sucesso. Ficaremos no primeiro lugar do ranking. Cumprimos o espírito Europeu!
O facilitismo levado ao extremo. A escola armazém em todo o seu esplendor!
Sobra apenas um problemazito: que resultados aparecerão nos exames nacionais?
Bem, mas este problema também se resolve. Atira-se a culpa para os imbecis dos professores: que não motivam os alunos, que não os habilitam nas competências, que não usam o plano tecnológico. Vai ser fácil atirar o odioso da questão para essa classe de preguiçosos! E, afinal, só se fala uma vez por ano em exames! Porquê tanta preocupação com o conhecimento?
O caminho mais difícil de percorrer é aquele que exige mais esforço. E o grande desafio deste País não é o do índice estatístico, supostamente, imposto pela Europa.
O verdadeiro desafio é saber como se conjuga cumprimento de escolaridade obrigatória com qualidade de aprendizagem.
Para conciliar estas duas vertentes ainda ninguém soube apontar soluções. Se calhar até, ainda ninguém conseguiu encarar o assunto de frente. Para tal é preciso definir prioridades. E tais primados surgirão das respostas que o país quer dar a algumas questões complicadas:
Em que princípios se deve fundamentar o sistema educativo? O princípio da ocupação do tempo das crianças deverá sobrepor-se a todos os outros?
Que regras quer o Estado que a escola dê aos alunos? O Estado quer regras? Ou caminharemos para uma sociedade sem regras?
Deverá o Estado fornecer à escola pública os meios para estar em pé de igualdade com o ensino privado? Ou deverá apenas garantir a subsistência de um número residual de escolas públicas para abarcarem aqueles que não têm possibilidades de frequentar uma privada?
Que suporte dá o estado à família? O Estado quer ter famílias?
Quais as obrigações do Estado em termos sociais? Estará a cumprir tais obrigações? E em termos da criação de condições para o pleno emprego?
É função do Estado zelar pela equidade na distribuição de riqueza?
Que valores proclama o País? Ou já não interessam os valores?
Estas (e muitas outras) são questões importantes que quem dirige o país prefere meter na gaveta. São questões aborrecidas, ainda por cima de difícil resposta.
De certeza que foram inventadas por um daqueles professores que ainda acha que a Escola serve para educar e instruir.
Sinto o desalento e a frustração daquele que vê alguém percorrer um caminho errado e sabe que esse alguém não tem coragem para mudar de rumo a cada cruzamento que passa.
Esse alguém simboliza um país que, a cada passo, deixa para trás valores do passado, inebriado por ideias ocas de sucesso fútil que, ainda por cima, comprometem o futuro.
O desalento e a frustração são o sentimento do homem que, constantemente, se sente impotente para travar os arrepios de sabedoria daqueles que julgam saber do que nunca fizeram.
Falo daquela que será, a acontecer, a machadada mortal para algumas escolas públicas portuguesas.
Parece (é que estas coisas importantes sabem-se sempre primeiro pelos jornais!) que o novo estatuto do aluno vai resolver finalmente dois dos graves problemas da escolaridade obrigatória em Portugal: o absentismo e o abandono.
Como?
Muito fácil. O rapaz falta um tempinho e a gente dá-lhe um exame (não me perguntem quando é que o rapaz fará o exame, se calhar vamos a casa dele levar-lho!). Está tudo resolvido! Finalmente o sonho está realizado: já nem a falta de assiduidade pode causar a retenção. Toda a rapaziada passa de ano, acabaram os chumbos!
Seremos um país de sucesso. Ficaremos no primeiro lugar do ranking. Cumprimos o espírito Europeu!
O facilitismo levado ao extremo. A escola armazém em todo o seu esplendor!
Sobra apenas um problemazito: que resultados aparecerão nos exames nacionais?
Bem, mas este problema também se resolve. Atira-se a culpa para os imbecis dos professores: que não motivam os alunos, que não os habilitam nas competências, que não usam o plano tecnológico. Vai ser fácil atirar o odioso da questão para essa classe de preguiçosos! E, afinal, só se fala uma vez por ano em exames! Porquê tanta preocupação com o conhecimento?
O caminho mais difícil de percorrer é aquele que exige mais esforço. E o grande desafio deste País não é o do índice estatístico, supostamente, imposto pela Europa.
O verdadeiro desafio é saber como se conjuga cumprimento de escolaridade obrigatória com qualidade de aprendizagem.
Para conciliar estas duas vertentes ainda ninguém soube apontar soluções. Se calhar até, ainda ninguém conseguiu encarar o assunto de frente. Para tal é preciso definir prioridades. E tais primados surgirão das respostas que o país quer dar a algumas questões complicadas:
Em que princípios se deve fundamentar o sistema educativo? O princípio da ocupação do tempo das crianças deverá sobrepor-se a todos os outros?
Que regras quer o Estado que a escola dê aos alunos? O Estado quer regras? Ou caminharemos para uma sociedade sem regras?
Deverá o Estado fornecer à escola pública os meios para estar em pé de igualdade com o ensino privado? Ou deverá apenas garantir a subsistência de um número residual de escolas públicas para abarcarem aqueles que não têm possibilidades de frequentar uma privada?
Que suporte dá o estado à família? O Estado quer ter famílias?
Quais as obrigações do Estado em termos sociais? Estará a cumprir tais obrigações? E em termos da criação de condições para o pleno emprego?
É função do Estado zelar pela equidade na distribuição de riqueza?
Que valores proclama o País? Ou já não interessam os valores?
Estas (e muitas outras) são questões importantes que quem dirige o país prefere meter na gaveta. São questões aborrecidas, ainda por cima de difícil resposta.
De certeza que foram inventadas por um daqueles professores que ainda acha que a Escola serve para educar e instruir.
1 comentário:
Julgo que a «malandragem» que faz do ensino superior a matriz-cega de qualidade nos quer impingir um modelo liberal que, numa leitura enviesada de pedagogos como Agostinho da Silva, permite concluir: é desta que os professores terão de estar na Escola, para atender quem vier e quando vier, todos os dias menos aos domingos,feriados e em parte do mês de Agosto; é desta que os vamos lixar, fritar ou coser/cozer (é aquela mãozinha fechada, com tensão execrável de permeio, a fazer estragos, com ou sem a ajuda do mais velho, que talvez se esteja a ressentir da idade que possui).
A febre há-de passar, ou, dito de outro modo: estão a gozar connosco.
No raciocínio maquiavélico para que acabam por nos conduzir, a esperança é que cerca de trinta por cento dos alunos e dos formandos não compareçam nas aulas - indo pela lógica, serão os que menos nelas têm interesse - e assim a vida será melhor. GRANDES SUCESSOS SE ESPERAM NAS ESTATÍSTICAS.
Entrementes, ainda há uns dinossauros que se embrulham no ensinar-aprender-formar, «a-preciando» a juventude ao lado, em frente e por todo o lado, à espera do que há três décadas vem sendo prometido: tarda, já não vem em tempo útil para alguns. LAMENTÁVEL.
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