Recados ao poder ou a quem dele está próximo (leia-se que o influencia). Com fundamentação da opinião e com soluções alternativas, sempre que necessárias e conhecidas (pode acontecer não existirem ou serem desconhecidas - não será impeditivo).
domingo, 30 de setembro de 2007
Apontar o que ESTÁ BEM
domingo, 23 de setembro de 2007
Com vero rasgo
b) Os pais – ou quem as suas vezes fizer - escolhem as escolas, segundo o que desejam para os filhos ou afilhados; se não cabem, o Estado custeia a deslocação para outra escola do mesmo tipo.
c) As actividades propriamente lectivas começarão na primeira semana de Outubro, durante 26 semanas, correspondendo a um ano lectivo.
d) Nas escolas completas, tanto a carga horária de cada disciplina como o número de disciplinas por ano de escolarização são variáveis. As disciplinas não são estanques e as planificações prévias são o tudo que é nada. O dia a dia será discreto – que a vida é mais que «aquilo» e, em boa parte, pré-existe sempre «àquilo». A vida continua e expande-se por fora e por dentro-fora.
e) Nas escolas incompletas o currículo será uniforme, talhado pelos técnicos superiores do ministério ou ministérios que se sintam vocacionados para chamar a si o ensino, a aprendizagem e o plano previamente traçado, no interesse macro-teórico do país. Aqui haverá diplomas, notas e exames, como desígnio objectivo para uma sociedade que realça o mérito assim conseguido. Avaliação de professores por professores mais qualificados é uma invenção refundadora de todo o edifício escolar, desde D. Maria I. Produzir-se-ão estatísticas para o «mercado comum europeu». Haverá felicidade decretada.
Porto, 26 de Abril de 2010
quarta-feira, 19 de setembro de 2007
Um sinal dos céus
sábado, 15 de setembro de 2007
Temas (pouco) interessantes
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quinta-feira, 6 de setembro de 2007
De repente, pode o mundo desabar?
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Quando a ministra anunciou, com ar sério e compenetrado, que os problemas da educação eram responsabilidade directa dos Professores e, sobretudo, da sua progressão na carreira, que assentava no tempo de serviço e não no mérito, os atingidos, duma forma mais ou menos generalizada, sentiram-se ofendidos e injustiçados.
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Quando a mesma personagem publicitou a solução encontrada, que passava pela divisão da classe (se existe tal arranjo profissional) em dois níveis hierárquicos, surgiu a indignação. Todos foram, eram e seriam, até ao fim, apenas e só Professores - significando este só uma imensidade!
No momento em que concretizou a medida, já a responsável principal pela Educação respirava satisfação. Era notório, como se confirmou no concurso de candidatura a Professor Titular, que a possibilidade de se erguer a esse patamar era mais do que lisonjeador para os interessados. Nem importava que o tempo de serviço (aquele factor tido como maléfico) fosse o factor mais relevante para lá chegar! Era um objectivo essencial, fundamental, que não podia ficar deserto, sob pena de não se integrar o reduzido número de eleitos, onde ficaria a nata do professorado.
Foi um corre corre, em que não deixei de correr correr também. Os que sabiam que iam ser, os que achavam que tinham possibilidades, os que só tinham algumas expectativas e até os que sabiam que não iriam lá chegar perfilaram-se e candidataram-se. Fizeram contas, para si e para os directos competidores, procurando descobrir ou certificar a sua posição. Trabalharam para outros menos aptos em contas, para os ajudar no mesmo objectivo.
O tempo de espera foi miudinho, em termos de nervoso, de esperança ou de crença – que os milagres não deixam de acontecer.
No dia em que os resultados do concurso foram divulgados, havia muitos mistos – de satisfação com alguma modéstia ou indiferença no semblante, para os escolhidos; de resignação, com alguma inveja ou desdenha, nos relegados para a condição do que sempre foram – Professores.
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Agora regressa-se à função e, subitamente, de forma inesperada, como um murro nos olhos ainda mal abertos, despertam todos para a realidade.
Os Professores com a confirmação de estarem condenados a (con)viver com um patamar demasiado alto para lá se acoitarem, ocupado por gente que, tendo sido par, agora é algo mais. Percebem que alguns cargos, que ocuparam com gosto e com profissionalismo, está nas mãos doutros, que nunca os quiseram e que, em muitos casos, os não merecem; sentem-se, sobretudo, sufocados.
Os titulares com a descoberta, dorida, que os cargos que vão ter que desempenhar são, normalmente, mais, muito mais do que aquilo que gostariam de ter. Sentem que lhes foi feita uma proposta enganadora, que aceitaram sem a antecipar as consequências. Tudo lhes cai nos ombros. Responsabilidade, trabalho, ocupação e deveres são como as estrelas, frios e incontáveis. Coordenar grupos de pessoas, acompanhar percursos escolares, preparar e aplicar instrumentos, equipamentos, estratégias e planos, avaliar e reformular, contactar e assumir, tudo lhes cabe.
De repente, muito de repente, um sorriso perpassa pelos lábios dos que, querendo lá chegar e não o conseguindo, não estão lá. Não lhes cabe fazer, não lhes compete desempenhar, não vão ter a maçada … que está reservada aos que lá chegaram. Os que estavam (sempre) dispostos a aceitar, ficam do lado de cá do peditório. Os que não olhavam sequer para a sacola, agora seguram-na e não conseguem libertar-se dela. O seu mundo trancou-se, ruiu, esfarelou-se.
O respirar fundo surge do lado dos que não se sentiram bem, no processo de selecção. Pelo menos, por agora. Porque o tempo, esse velho senhor, não costuma passar sem deixar os seus sulcos bem marcados. Apresentar-se-á a todos, permitindo aos que agora sentem a solidão das alturas perceber o perfume do poder; e aos que sorriem face ao desconforto daqueles, a movimentação para os alcançar. O mundo pode desabar, mas recompõe-se rapidamente.
sábado, 1 de setembro de 2007
Barroso, como Eça, continua actual
Por Alfredo Barroso
O ESTADO de completa devastação ideológica em que se encontra o PS pode ser avaliado pelos resultados obtidos ao cabo de dois anos de governação. Empenhado em meter o país nos eixos, o Executivo chefiado pelo sempre severo e temível engenheiro Sócrates cometeu uma proeza (in)digna de qualquer partido socialista que se preze: uma redução rápida e brutal do défice do orçamento do Estado e uma subida vertiginosa das desigualdades sociais; um aumento algo pindérico da taxa de crescimento do PIB e uma diminuição bastante significativa do poder de compra dos trabalhadores. Mais: enquanto o desemprego se situa a um nível muito alto e a precariedade se generaliza, as grandes fortunas prosperam, tendo crescido 35,8 por cento em relação a 2006. Um escândalo. Se estes são resultados dignos de um governo socialista, vou ali e já venho.
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PARECE ABSURDO que o combate à crise económica e financeira, levado a cabo por um governo pretensamente socialista, em nome dos superiores interesses do país, resulte em maiores desigualdades sociais, mais precariedade, mais desemprego e mais pobreza, ao mesmo tempo que as grandes fortunas aumentam vertiginosamente. Mas, como dizia Napoleão, «em política, o absurdo não é um obstáculo». Não se contesta o papel crucial da propriedade privada e do capital no desenvolvimento de uma sociedade aberta, livre e democrática. Mas é legítimo perguntar que contribuição têm dado os mais ricos para combater esta crise tão grave. Queixam-se de que o Estado os estrangula, mas a verdade é que as suas fortunas crescem a olhos vistos, ao mesmo tempo que as classes médias empobrecem e os trabalhadores sofrem os efeitos da técnica da banda gástrica que este Governo decidiu aplicar-lhes para lhes reduzir o apetite. O que é indecente.
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AS CHAMADAS «práticas clientelares» (mais evidentes ao nível autárquico) e de «governo paralelo» (das grandes empresas e interesses financeiros) impõem-se, hoje, aos partidos do «bloco central». Por isso, não espanta que a passagem do poder do PSD para o PS (e vice-versa) não seja mais do que «saltar do lume para a frigideira». Dizem as boas línguas que o Governo do engenheiro Sócrates tem feito «reformas muito corajosas». Eu, que sempre fui má-língua, limito-me a perguntar: é preciso coragem para exigir aos pobres que paguem a crise?!
«Sol», 1 de Setembro de 2007